Mais de 200 policiais federais cumprem, nesta terça-feira (11), 27 mandados de prisão – entre preventivas e temporárias – e 31 de busca e apreensão contra suspeitos de integrar de uma facção criminosa do Rio de Janeiro que teriam envolvimento na fuga de dois presidiários da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), em fevereiro de 2024. A Justiça do Rio Grande do Norte também determinou o bloqueio de 32 contas bancárias e o congelamento de R$ 22,5 milhões dos investigados. Na época, os detentos Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33, conseguiram escapar do complexo penitenciário de segurança máxima e foram capturados em Marabá (PA), 50 dias após a fuga. As investigações tiveram início com a identificação de membros da facção que teriam prestado apoio após a fuga dos presos. Na época, os levantamentos indicaram a prática de outros crimes, o que levou à instauração de um inquérito policial para mapear os integrantes da organização criminosa com atuação no Rio Grande do Norte.“Como resultado, foram reunidas evidências da prática dos crimes de organização criminosa armada, tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro, tortura e homicídio”, informou a PF.As decisões judiciais são cumpridas nas cidades de Natal (RN), Mossoró (RN), Baraúna (RN), Assu (RN), Pedro Avelino (RN), Aquiraz (CE) e Rio de Janeiro (RJ).Os dois foragidos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) foram capturados em 4 de abril de 2024, 50 dias após a fuga. Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33, foram encontrados em Marabá (PA) em uma ação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Eles tinham escapado do presídio na madrugada de 14 de fevereiro. A fuga foi a primeira desde a implementação do Sistema Penitenciário Federal no Brasil, em 2006.Na época, segundo a PRF, além de Mendonça e Nascimento, quatro pessoas foram presas. A corporação informou, ainda, que apreendeu um fuzil com os foragidos.A busca pelos detentos envolveu pelo menos 600 agentes. Desde que escaparam da penitenciária, Rogério e Deibson tinham sido vistos em diversas ocasiões. Dois dias após a fuga, os homens teriam feito uma família de refém, na zona rural de Mossoró. Neste dia, a polícia também encontrou pegadas, calçados, roupas, lençóis e uma corda, além de uma camiseta do uniforme da penitenciária, em uma área de mata.A força-tarefa dedicada à captura encontrou, em 25 de fevereiro, um possível esconderijo onde os fugitivos permaneceram por alguns dias, próximo à prisão. Foram descobertos um facão, uma lona e várias embalagens de comida no local.A fuga é a primeira desde a implementação do SPF (Sistema Penitenciário Federal) no Brasil, em 2006. Os detentos tiveram acesso a ferramentas usadas na reforma pela qual a unidade passava. Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, uma “série de fatores” levou à fuga, como falhas de construção da estrutura prisional e falta de funcionamento de câmeras e lâmpadas.Os dois presos fugiram pela luminária que ficava em uma parede lateral da cela. Depois de atravessar a abertura, os fugitivos escalaram o shaft — vão interno para passagem de tubulações e instalações elétricas — até o teto, onde quebraram uma grade metálica e chegaram ao telhado da prisão.“Em vez de a luminária e o entorno estarem protegidos por laje de concreto, estava fechada por um simples trabalho comum de alvenaria. Outro problema diz respeito à técnica construtiva e ao projeto. Quando os fugitivos saíram pela luminária, entraram naquilo que se chama de shaft, onde se faz a manutenção do presídio, com máquinas, tubulações e fiação”, explicou o ministro em entrevista.Os fugitivos teriam conseguido alcançar, por meio do shaft, o teto do sistema prisional, onde também não havia nenhuma laje, grade ou sistema de proteção. “É uma questão de projeto. Quem fez deveria ter imaginado que a proteção deveria ter sido mais eficiente”, avaliou o ministro.Para Lewandowski, o fato de a ação dos criminosos ter ocorrido na madrugada da terça de Carnaval para a Quarta de Cinzas pode ter facilitado a operação, porque as “pessoas costumam estar mais relaxadas” nesse período.