Aliciamento de crianças, estelionato e psicopatia: quem é a suspeita de envenenar mãe e filho em GO
Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, fingia ser psicóloga e teria praticado outros crimes, segundo a polícia
Cidades|Do R7, com informações do Estadão Conteúdo
"Psicóloga, terapeuta cognitivo-comportamental, advogada aposentada, leitora, viajante e mãe."
É assim que Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, a mulher suspeita de ter matado o ex-sogro e a mãe dele, descreve-se nas redes sociais.
O delegado do caso, Carlos Alfama, informou, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (21), que Amanda atuava ilegalmente como psicóloga.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
• Assine a newsletter R7 em Ponto
Segundo o Conselho Regional de Psicologia de Goiás (CRP-GO), ela não tem registro profissional ativo no banco de dados.
Amanda também forjou estar grávida do ex-companheiro, Leonardo Filho, para manter um vínculo com ele, de acordo com a polícia.
Segundo o delegado, essa não foi a primeira vez que ela inventou uma gestação para forçar um relacionamento.
Perfil 'psicopata'
Alfama avalia o comportamento de Amanda como o de "uma psicopata". "Há denúncia de estelionato e de que atuou como estagiária de psicologia de uma escola, aliciando crianças de 10 a 16 anos para a prática de condutas sexuais e o consumo de bebidas alcoólicas”, afirmou o delegado.
"Ela tem personalidade extremamente voltada ao crime. Usava a tecnologia para forjar relacionamento afetivo com as vítimas. Forjou personalidade dócil e era dissimulada. Na minha percepção, a motivação do crime foi o sentimento de rejeição que ela teve. As ameaças começaram quando a relação estava indo por água abaixo”, completou.
A polícia identificou que a advogada ameaçava o ex havia algum tempo por meio de perfis falsos nas redes sociais. Segundo o delegado, as mensagens de ódio começaram no dia 27 de julho, pouco após o término deles.
Relembre o caso
Mãe e filho passaram mal e morreram após comer um bolo de pote de uma loja de doces em Goiânia, no último domingo (17).
Luzia Tereza Alves, de 86 anos, e Leonardo Pereira Alves, de 58, vomitaram e tiveram dores abdominais e diarreia três horas depois do consumo da sobremesa, comprada pela ex-nora do homem.
Amanda, que estava hospedada em um hotel em Goiânia, foi a uma padaria comprar os alimentos que levou para o café da manhã. Ela então voltou para o hotel e depois foi à casa da família do ex, por volta das 10h do domingo, onde ficou até as 13h.
Na mesa estavam Amanda, Leonardo Alves, a mãe dele, Luzia Tereza Alves, e o pai dele, que a polícia identificou como João.
O idoso ainda não deu depoimento, mas a polícia foi informada de que ele não consumiu nada no café. Antes mesmo de Amanda ir embora, o ex-sogro começou a passar mal.
Amanda voltou para Itumbiara, cidade de Goiás onda mora, logo que saiu da casa do antigo namorado e, no caminho, recebeu mensagem do ex-sogro na qual ele a orientava a buscar atendimento médico, porque ele suspeitava de que a comida estava estragada.
A primeira suspeita da família foi de intoxicação alimentar. A polícia logo descartou essa possibilidade, porque, segundo o delegado, a intoxicação ocorre de forma diferente em cada pessoa — e Leonardo e Luzia tiveram a mesma evolução. Além disso, o período entre o consumo do alimento e a morte seria mais longo no caso de uma intoxicação.
Leonardo começou a passar mal por volta das 13h e morreu à noite. Já a mãe dele chegou a ser internada em UTI, mas morreu de madrugada. Amanda só foi ao hospital à meia-noite, após saber da morte do ex-sogro.
Os exames para comprovar a presença de veneno nos produtos consumidos no café da manhã e a necrópsia dos corpos continuam em andamento.
Amanda foi presa em uma clínica psiquiátrica em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital, na noite da última quarta-feira (20). Segundo o delegado, ela teria sido internada pela família por volta do meio-dia da quarta, após ter tentado se matar com medicamento e acetona.
O delegado investiga outros supostos crimes praticados por Amanda em Itumbiara e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. Agora ela é investigada por duplo homicídio qualificado.
O que diz Amanda?
Ao ser presa, a advogada afirmou não ter "feito isso" e disse que "amava a família".
Ainda na noite de quarta, o advogado da suspeita, Carlos Marcio Macedo, negou, em entrevista à imprensa, participação da cliente nas mortes.
Ele disse ainda que Amanda estava internada em um hospital na hora da prisão.