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Análise: canal de diálogo entre Brasil e EUA é positivo, mas concessões terão que ser feitas

Encontro entre Lula e Trump sinalizou uma guinada nas negociações entre países e pode levar à revisão de tarifas a produtos nacionais

Economia|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Encontro entre Lula e Trump na Malásia sinaliza uma possível revisão de tarifas sobre produtos brasileiros.
  • O mercado reagiu positivamente, com a bolsa alcançando recordes e o dólar em queda.
  • O diálogo aberto entre Brasil e EUA é considerado um resultado da diplomacia e de ações conjuntas de empresários.
  • Especialistas indicam que concessões por parte do Brasil serão necessárias para um acordo duradouro.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Após o encontro entre os líderes brasileiro e americano, no último domingo (26), na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou acreditar que um acordo sobre as tarifas impostas aos produtos nacionais deva ocorrer. Durante a conversa, esse foi um dos assuntos apresentados por Lula e a equipe diplomática que o acompanhava ao tentar convencer Donald Trump pela mudança de cenário.

Com acenos positivos de ambos os lados, conversas entre os negociadores começaram a ocorrer já no mesmo dia do evento e buscam alinhar as reivindicações brasileiras com os pensamentos econômicos americanos. A sinalização de um possível acordo movimentou o mercado, com a bolsa brasileira atingindo seu recorde histórico, em 146.969 pontos, enquanto o dólar registrou queda de 0,42%, nesta segunda-feira (27), cotado a R$ 5,36.


Apesar de não haver nenhum anúncio concreto de alterações nas tarifas, a abertura do diálogo já sinaliza um processo positivo e demonstra a eficiência da diplomacia brasileira. É o que defende Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

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Na visão do especialista, para chegar ao encontro de Lula e Trump no domingo, um longo caminho diplomático foi percorrido, iniciando com a visita do chanceler Mauro Vieira a Washington, o que refletiu na exceção na aplicação das tarifas a 694 produtos brasileiros e que deixou aberto o canal de diálogo.


Outros dois pontos fundamentais para a evolução positiva no cenário da tensão entre Brasília e Washington foram a ação dos empresários brasileiros com seus pares americanos para pressionar Trump, além do envio ao Brasil de Richard Grenell, enviado presidencial especial para missões especiais dos Estados Unidos. Segundo o professor, as conversas de Grenell com autoridades brasileiras resultaram em um relatório que mudava a visão sobre o país para os americanos.

“Se nós não entendemos esses três passos, nós não entendemos, aqueles 39 segundos de amor do Trump para o Lula. Nós não entendemos isso. A reunião de agora é essa circunstância consolidada. Há um caminho de bom senso e que foi consolidado. Então está tudo resolvido, acabou o problema? Não. Na verdade, aqui começa a solução. Não é amanhã, vão ser semanas”, completa Trevisan em entrevista ao Jornal da Record News desta segunda-feira (28).


Autoridades do Brasil e dos EUA sinalizaram positivamente após encontro de Lula e Trump Reprodução/ Record News

Desta forma, o canal aberto aproxima ambas as nações, principalmente com a postura brasileira da possibilidade de discutir quaisquer tópicos com seu par comercial, principalmente pontos que interessam os americanos, como as terras raras, abertura do mercado do etanol e regulação das big techs. O especialista ainda destaca a importância do Brasil no contexto global e a reafirmação do alinhamento com Washington — o que pôde deixar a administração Trump mais segura em negociar.

“Mauro Vieira chegou ao Marco Rubio, homólogo dele nos Estados Unidos, e disse o seguinte: ‘Nós continuamos a pertencer ao Ocidente. Nós fazemos negócio com a China, mas não pertencemos ao anel geopolítico chinês. Nós não assinamos aquela rota da seda. Nós não assinamos a Road and Belt Initiative’. Isto soou como música pra eles: ‘Quer dizer que vocês continuam aliados conosco?’ e o Brasil deu garantias para eles desse ponto. Isso mudou tudo”, destaca.


No entanto, mesmo com a confirmação de um acordo, Trevisan aposta que os brasileiros precisarão fazer concessões e que há poucas chances de um retorno para as alíquotas anteriores à imposição das sobretaxas em agosto. Ao analisar o histórico de negociações com outros países, ele cita os casos da União Europeia, Japão, Austrália e Ucrânia, que precisaram ceder às exigências americanas e contam atualmente com tarifas entre 15 e 20%.

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