Banco suíço recebe ajuda de R$ 280 bilhões para evitar crise global
Credit Suisse tenta reforçar a liquidez e a confiança dos investidores e ressalta solidez a clientes brasileiros
Economia|Do R7, com Reuters
O Credit Suisse buscou acalmar clientes no Brasil na quarta-feira (15), quando suas ações desabaram na Europa, ressaltando que a estrutura de capital do banco continua sólida e procurando afastar comparações com o SVB, fechado por reguladores americanos na semana passada.
Nesta quinta-feira (16), o Credit Suisse ressaltou que tomará emprestado até R$ 280,8 bilhões (US$ 54 bilhões) do banco central da Suíça para reforçar a liquidez e a confiança dos investidores, depois que a queda em suas ações intensificou os temores de uma crise bancária global.
O anúncio do banco, feito no meio da noite em Zurique, provocou aumento de 24% nas ações do Credit Suisse e ajudou a reverter algumas das pesadas perdas nas Bolsas de Valores impulsionadas pelos temores dos investidores em relação a possíveis corridas aos bancos em todo o mundo.
O Credit Suisse é o primeiro grande banco global a receber uma ajuda emergencial desde a crise financeira de 2008 e seus problemas levantaram sérias dúvidas sobre se os bancos centrais serão capazes de sustentar sua luta contra a inflação com aumentos agressivos nas taxas de juros.
Ontem, em uma apresentação de PowerPoint em português, o segundo maior banco suíço citou indicadores globais da instituição, como os R$ 7,5 trilhões em ativos sob gestão, sendo R$ 3,1 bilhões em private assets sob gestão no fim do ano passado.
Presente no Brasil desde 1959, o Credit Suisse atua principalmente nas áreas de private banking & wealth management e gestão de recursos, realizando ainda operações de crédito, emissão de ações e títulos, abertura de capital, fusões e aquisições de empresas, corretagem e tesouraria. A sua carteira inclui clientes de alta renda, vários oriundos do Banco Garantia e da Hedging-Griffo.
A preocupação em torno do Credit Suisse cresceu depois que seu maior acionista, o Saudi National Bank, declarou que não poderia fornecer mais ajuda financeira ao banco por questões regulatórias. Em 2008, os papéis valiam cerca de R$ 456 (80 francos suíços) e nesta quinta-feira eram cotados a R$ 11,40 (2 francos).
Na apresentação enviada aos clientes no Brasil, o Credit Suisse também afirmou que o que aconteceu com o Silicon Valley Bank não é comparável com a instituição e ressaltou que o banco americano enfrentava problemas de gestão do seu passivo.
Crise ampla
O noticiário sobre o Credit Suisse, que está lutando para se recuperar de uma série de escândalos nos últimos anos, reacendeu temores de uma ameaça mais ampla ao sistema financeiro, principalmente após a quebra de três bancos nos Estados Unidos nos últimos dias, entre eles o SVB.
Em declaração conjunta com o regulador suíço Finma, o BC suíço afirmou que o Credit Suisse é sólido e que "atende às exigências de capital e liquidez impostas aos bancos sistemicamente importantes". "Saudamos a declaração de apoio", disse o Credit Suisse sobre a decisão do BC suíço e da Finma.
Analistas do JP Morgan disseram que o apoio das autoridades suíças dará tempo ao banco para realizar sua reestruturação. "A combinação de medidas deve ser suficiente para conter os movimentos negativos na estrutura de capital, já que o mercado precificou o impacto potencial das pressões de liquidez", disse o JP Morgan nesta quinta-feira.