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Bolsa brasileira acumula segunda maior alta em 20 anos no período pré-eleitoral

Volatilidade mais forte do Ibovespa no período até agosto ocorreu em 2002, quando o índice oscilou 32%

Economia|Do R7

Ibovespa saltou 11,14% de julho ao fim de agosto
Ibovespa saltou 11,14% de julho ao fim de agosto

Nos dois primeiros meses da campanha eleitoral oficial, o Ibovespa — índice de referência para a Bolsa brasileira — registrou a segunda maior alta na comparação com os demais pleitos presidenciais dos últimos 20 anos. De julho a agosto, o índice passou de 98.542 pontos, em 1º de julho, para 109.523 pontos, em 31 de agosto, alta de 11,14%.

O único resultado mais alto foi em 2014. No ano em que Dilma Rousseff (PT) foi reeleita, a Bolsa teve o melhor resultado nessa janela de dois meses desde 2002, alta de 15,27%, de acordo com dados compilados pela Clear Corretora. Em 2018, quando Jair Bolsonaro venceu nas urnas eletrônicas, a Bolsa subiu 5,38% entre julho e agosto.

Considerados os dados acumulados para cada ano — sempre para o período de janeiro a agosto —, o resultado de 2014 também se destaca. Naquele ano, o Ibovespa teve alta de 18,96% nos primeiros oito meses. Neste ano, a alta foi mais discreta, de 4,48%. Em 2018, o índice ficou no zero a zero.

Para William Eid, diretor do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), não há um padrão de movimentos na Bolsa brasileira em anos eleitorais. "A volatilidade da Bolsa depende muito da incerteza que a eleição traz. Se os dois [candidatos à frente nas pesquisas] tiverem o mesmo programa, a mesma expectativa do mercado, não há mudança. Se houver um na frente que o mercado considere aceitável, a oscilação é menor", diz.


Volatilidade

Outra forma de observar o comportamento dos investidores na renda variável é a variação dos investimentos. Esse movimento de oscilação dos ativos, para cima e para baixo, é chamado de volatilidade — e pode mexer com as emoções dos investidores. Entre janeiro e agosto de 2022, a volatilidade da Bolsa brasileira igualou a de 2014. A variação, em valores corrigidos pela inflação, foi de 19% em ambos os períodos.

De acordo com dados da Economatica/TC, a volatilidade mais forte dos últimos 20 anos da Bolsa no período pré-eleitoral até agosto foi em 2002, quando atingiu 32% (enquanto a queda do Ibovespa no período foi de 6,78%). Exceto por 1994, a oscilação tende a ser mais forte no fim do ano, de setembro a dezembro, após o resultado das urnas. Em 1998, por exemplo, a variação foi de 83%.


Para o investidor pessoa física, a oscilação da renda variável pode gerar ansiedade por ganhos no curto prazo, ao tentar antever picos e vales dos preços das ações. No entanto, a recomendação dos analistas é ter paciência para obter retorno dos investimentos.

Histórico

Em 2002, a taxa Selic vinha de uma trajetória de redução, de 19% para 18% ao ano. Em agosto daquele ano, a meta da inflação já tinha sido abandonada. O clima era de cautela entre investidores, que realizavam lucros, e o mercado aguardava uma alta do tucano José Serra nas pesquisas eleitorais contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — que sairia vencedor do pleito, contrariando, à época, os desejos de uma parte considerável de investidores da Bolsa. No ano, o Ibovespa amargava queda de 23,53%.

Para Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia e da JBFO (Julius Baer Family Office), em 2002 o país lidava com o problema de não ter reserva em dólar, o que gerava um ciclo de desvalorização do real e aumento da dívida do governo.

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