Bolsa fecha no maior nível em 7 meses, com aposta no corte de juros
Já o dólar interrompeu a série de quatro sessões de baixa e encerrou a quarta-feira em leve alta ante o real, a R$ 4,92
Economia|Do R7
O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (7), partindo para o feriado na máxima em sete meses, após números de inflação reforçarem apostas de que a data de início de cortes da taxa básica de juros no Brasil pode ser antecipada.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,77%, a 115.488,16 pontos, ajudado ainda pelo desempenho robusto de Petrobras e Vale. Na máxima, marcou 115.978,12 pontos. O volume financeiro no pregão somou R$ 28,7 bilhões.
Nesta quinta-feira (8), não haverá negociação no mercado de renda variável da B3 em razão do feriado de Corpus Christi.
Já o dólar, em um dia marcado por baixa liquidez, interrompeu a série de quatro sessões de baixa e encerrou a quarta-feira em leve alta ante o real, com as cotações reagindo ora ao mercado externo, ora a barreiras técnicas, e com investidores buscando proteção antes do feriado.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9244 na venda, com alta de 0,26%. Na B3, às 17h15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,18%, a R$ 4,9465.
A moeda americana alternou altas e baixas durante a manhã e à tarde, mas sempre oscilando em margens estreitas, com as cotações sem um sentido firme.
Na cotação mínima da sessão, vista às 11h07, o dólar marcou R$ 4,9010 (-0,22%). Pouco depois, às 11h42, a moeda atingiu a máxima de R$ 4,9330 (+0,43%). Da mínima para a máxima, a oscilação foi de apenas 0,65%, um percentual típico de dias com menos negócios e noticiário ameno.
“A margem foi bem estreita, uma das mais estreitas do ano. Em alguns momentos, o dólar acompanhou o cenário lá fora, onde a moeda também perdia levemente ante seus pares”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
“Mas, toda vez que o dólar cai nos R$ 4,90, que é uma barreira técnica forte, surgem exportadores e tesourarias recompondo posições (compradas)”, acrescentou.
De acordo com o IBGE, o IPCA subiu 0,23% em maio, após alta de 0,61% em abril, acumulando em 12 meses aumento de 3,94%. Expectativas compiladas pela Reuters apontavam elevação de 0,33% e 4,04%, respectivamente.
O resultado abaixo do esperado "reforça nossa expectativa de corte em agosto", afirmou o chefe de Economia para Brasil e de Estratégia para América Latina do Bank of America, David Beker.
Números recentes que mostram arrefecimento da inflação no país já vinham desencadeando uma migração de apostas quanto ao início do ciclo de flexibilização pelo BC, da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro para a de agosto.
Na visão de alguns profissionais do mercado, um retorno dos estrangeiros para a Bolsa e um rali de fato dependem de uma maior visibilidade sobre a queda dos juros no país. A taxa está atualmente em 13,75% ao ano.
"O resultado (do IPCA) reforça a dinâmica mais benigna para os preços no curto prazo", afirmou a equipe de Economia do Bradesco, chefiada pelo economista Fernando Honorato Barbosa, em relatório a clientes nesta quarta-feira.
Eles destacaram que, ainda que a maior parte da surpresa e da desinflação venha de itens mais voláteis, os núcleos também têm perdido força na margem, em menor ritmo.
"Nesse cenário, mantemos nossa avaliação para o ciclo de juros, com Selic atingindo 12,25% ao fim do ano, mas reconhecemos que a data de início de cortes pode ser antecipada", afirmaram os economistas do banco.
A curva de juros precificava na tarde desta quarta-feira cerca de 80% de chances de o Copom, em sua reunião de agosto, cortar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Os outros 20% precificavam manutenção da taxa em 13,75% ao ano em agosto.
Citando a inflação corrente melhor do que o esperado e a trajetória dos preços para os próximos meses, a equipe do Credit Suisse, chefiada por Solange Srour, revisou sua projeção para o início do ciclo de flexibilização de setembro a agosto.
"Agora esperamos um primeiro corte de 25 pontos-base em agosto, uma taxa de 12% no fim de 2023 e uma taxa terminal de 9% em 2024."
Eles também afirmaram esperar que o Conselho Monetário Nacional (CMN) não altere a meta de inflação na reunião deste mês, que deve ancorar as expectativas do mercado, conforme relatório enviado a clientes nesta quarta-feira.
No exterior, Wall Street fechou sem uma tendência única, conforme os agentes seguem calibrando as expectativas para a reunião de política monetária do Federal Reserve na próxima semana. O S&P 500 fechou em baixa de 0,38%.