Ciclo de alta de juro acabou, mas taxas só caem na 2ª metade de 2023, prevê Itaú
Avaliação é de que a autoridade monetária reafirmará vigilância mesmo com uma inflação menor prevista para 2022 e 2023
Economia|Do R7
O ciclo de aperto monetário do BC (Banco Central) terminou com a Selic em 13,75% ao ano, e a autoridade monetária reafirmará vigilância mesmo com uma inflação menor prevista para 2022 e 2023, disse o Itaú Unibanco em revisão de cenário macro Brasil nesta segunda-feira (12), na qual passou a ver melhor crescimento econômico.
O Copom se reúne nos dias 20 e 21 de setembro. O mercado vinha colocando fichas no fim do processo de alta de juros no Brasil, mas na semana passada declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, provocaram forte ajustes nas expectativas de mercado que resultaram em firme alta nas taxas de contratos futuros de juros.
Na reunião mais recente do Copom, em agosto, as autoridades afirmaram que avaliariam a necessidade de uma alta residual, de menor magnitude, adicionando que as projeções de inflação para o início de 2024 (horizonte que o comitê optou por enfatizar, para evitar as distorções de mudanças tributárias sobre a inflação em 2022 para baixo e em 2023 para cima) estão ao redor da meta.
"Entendemos que o cenário para tal horizonte pouco se alterou (e que as projeções e riscos para prazos mais curtos se tornaram moderadamente mais benignos) desde então, de forma que a autoridade monetária não deve optar por realizar o eventual ajuste residual", disse a equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, chefiada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita.
"Ao comunicar o fim do ciclo, o comitê deve reafirmar que permanecerá vigilante. Em especial, o Copom deve seguir enfatizando em sua comunicação que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes e que a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal gera riscos de alta para o cenário inflacionário", completou.
O Itaú segue vendo queda da taxa Selic apenas no segundo semestre de 2023, para 11% ao ano, até dezembro. Do lado da inflação, o banco reduziu a projeção para o IPCA de 2022 de 7% para 6%, com riscos para baixo. Para 2023, manteve a projeção em 5,3%.
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Com a surpresa positiva vinda dos dados do PIB do segundo trimestre, a equipe de economistas do banco privado elevou o prognóstico de expansão do PIB em 2022 de 2,2% para 2,5%. A expectativa de maior carrego estatístico respaldou o ajuste da estimativa para 2023 de 0,2% para 0,5%.
As revisões de alta para a economia contribuíram para ajuste nas projeções fiscais. O banco estima agora saldo positivo primário de 1% do PIB em 2022 (0,3%, anteriormente), déficit de 1,5% em 2023 (ante déficit de 2% do cenário anterior) e dívida bruta em 78% e 82% do PIB neste ano e no próximo, respectivamente.
Sobre o câmbio, o Itaú vê espaço "limitado" para apreciação do real, devido ao ambiente global de dólar forte e possíveis oscilações do prêmio de risco local ao longo do segundo semestre deste ano. Os economistas mantiveram as projeções para o dólar em R$ 5,25 ao fim de 2022 e R$ 5,50 ao término de 2023.