CNI alerta sobre impactos na economia com elevação da taxa de juros para 14,75%
Confederação Nacional da Indústria critica decisão do Banco Central e aponta riscos para investimentos, custos e dívida pública
Economia|Do R7, em Brasília

O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, levando a Selic a 14,75% ao ano, patamar mais alto em quase duas décadas.
A decisão foi criticada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Em comunicado, a entidade alertou para efeitos negativos no emprego, na renda e no crescimento econômico.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que a medida chega em um momento de fragilidade na atividade econômica. “O controle da inflação é essencial, mas a alta dos juros agrava a desaceleração, mais intensa do que o previsto”, declarou.
A entidade revisou para baixo as projeções do PIB em 2025, estimando expansão de 2,3%, contra 3,4% no ano anterior. Para o setor industrial, a previsão é de crescimento de 2%, abaixo dos 3,3% registrados em 2024. Caso confirmado, seria o pior desempenho em cinco anos.
Fatores ignorados e preocupações
A CNI listou motivos para manter a Selic estável:
- Efeitos defasados da política monetária, ainda não totalmente absorvidos;
- Juros reais de 8,8% ao ano, considerados suficientes para conter a inflação;
- Valorização do real (8,2% em 2025) e queda no preço do petróleo, reduzindo pressões inflacionárias;
- Desaceleração fiscal, com menor impulso aos gastos públicos.
“A taxa neutra é estimada em 5%. Estamos 3,8 pontos acima, nível mais que adequado”, destacou a entidade.
A entidade também enumerou três preocupações:
- Queda nos investimentos, com impacto na oferta futura;
- Aumento dos custos financeiros para empresas, elevando preços;
- Pressão sobre a dívida pública, que pode atingir 79,4% do PIB em 2025, com custo adicional de R$ 50 bilhões por ponto percentual na Selic.
No comunicado, a confederação defendeu o uso de depósitos compulsórios como instrumento complementar e um pacto fiscal para conter gastos. “Política monetária não resolve tudo sozinha”, concluiu Alban.
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