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Com maior saldo em quatro anos, poupança volta a atrair o brasileiro

No auge da crise econômica, em 2015, quem tinha dinheiro aplicado nessa modalidade perdia para inflação, mas cenário hoje é mais otimista

Economia|Fernando Mellis, do R7

Poupança não cobra IR e permite saque imediato
Poupança não cobra IR e permite saque imediato

Forma preferida de investimento da maior parte da população brasileira, a poupança voltou a ser atraente nos últimos 18 meses.

Resultado disso foi que o saldo das cadernetas de poupança em todo o país (diferença entre depósitos e saques) foi de R$ 7,34 bilhões entre janeiro e junho deste ano, o mais alto registrado desde 2014, segundo dados do Banco Central.

O Bradesco, que detinha 13,7% dos depósitos de poupança em junho deste ano, registrou aumento de 7,7% das aplicações nos últimos 12 meses, totalizando R$ 103 bilhões, conforme balanço divulgado na quinta-feira (26).

Já o Santander reportou crescimento de 35,2% dos depósitos em um ano. Caixa, Banco do Brasil e Itaú ainda não divulgaram os resultados do segundo trimestre.


Em 2015, aplicar na poupança foi sinônimo de perder dinheiro. Estudo da consultoria Economatica mostrou que naquele ano a poupança perdeu 2,28%. Além disso, a taxa de juros alta tornava outros tipos de investimento mais atraentes.

Como consequência, os brasileiros — muitos deles endividados — retiraram mais dinheiro do que depositaram em 21 dos 24 meses entre 2015 e 2016, quando a inflação fechou em 10,67% e 6,29%, respectivamente. 


Em 2016, o retorno da poupança foi pequeno, 1,9%, já descontada a inflação. Foi em 2017 que o rendimento dessa aplicação melhorou: 3,88% no ano, melhor resultado desde 2006, segundo a Economatica (veja o quadro abaixo)

Hoje, o cenário continua favorável para quem quer aplicar na poupança, explica Miguel de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade).


"A inflação alta fazia com que a poupança rendesse menos e havia perda do poder de compra. A taxa Selic [juros básicos da economia, atualmente em 6,5% ao ano] estava alta e fazia a poupança perder frente a outros investimentos de renda fixa. Mas agora, a poupança está rendendo mais do que a inflação. Com a Selic baixa, os outros investimentos acabam tendo ganhos próximos ao da poupança, com certas desvantagens como Imposto de Renda e prazo para resgate", explica.

O diretor da Anefac fez um cálculo que mostra que R$ 10.000 investidos na poupança renderiam em um ano 4,55%, totalizando R$ 10.455. Se o mesmo valor for aplicado em um fundo de investimentos com taxa de administração de 1% ao ano, renderia R$ 466, ou apenas R$ 11 a mais do que a poupança.

"Naturalmente, o grande poupador consegue taxas de administração menores nos bancos, mas para o pequeno poupador, aquele de até R$ 5.000, o ideal é ficar na poupança. Acima de R$ 10.000, tem que comparar e ver se vale a pena", acrescenta.

Simulações feitas pelo R7 em corretoras de investimentos mostram que uma aplicação de R$ 2.000 na poupança por dois anos terá rendido R$ 186 ao fim do período, enquanto um CDB (Certificado de Depósito Bancário), por exemplo, renderá R$ 237.

Um banco consultado pela reportagem oferece CDB com rendimento de 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) pelo prazo de dois anos. Uma aplicação de R$ 5.000 renderia R$ 532,56, frente a R$ 443,37 da poupança. Vale destacar que CDBs e Notas do Tesouro pagam Imposto de Renda.

"Às vezes, a diferença de rendimento é tão pequena que as vantagens da poupança, como a possibilidade de retirar aquele dinheiro a qualquer hora e o fato de estar vinculada à conta corrente, acabam pesando mais para quem investe. Sem contar que a poupança é a única possibilidade de investimento possível para a maior parte da população", explica a professora de finanças do Insper Juliana Inhasz.

Ela ainda pondera que quem não vá precisar do dinheiro por um determinado período deve procurar outras formas de aplicar. "Outros investimentos se tornaram muito populares", diz.

Bancos e corretoras oferecem LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que também não incidem Imposto de Renda. Mas é preciso estar ciente de que o dinheiro deve ser mantido lá. O rendimento aumenta conforme o prazo da aplicação.

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