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Crise na Avianca faz preço de passagem aérea subir até 140%

Estimativa é que as tarifas continuem pressionadas pelo menos nos próximos quatro meses, até que a venda dos ativos da companhia seja concluída

Economia|Do R7

Avianca está devolvendo aeronaves
Avianca está devolvendo aeronaves

Com a redução da oferta de voos no país decorrente da crise da Avianca Brasil, os preços das passagens aéreas nas principais rotas da companhia já registram altas de até 140%.

A estimativa é que as tarifas continuem pressionadas pelo menos nos próximos quatro meses, até que a venda dos ativos da Avianca seja concluída, segundo fontes do mercado.

Um levantamento da Voopter, plataforma que faz comparação de preço de passagens, mostra que o trecho entre os aeroportos de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e de Salvador foi o que teve a tarifa mais elevada entre as rotas analisadas.

O valor médio da passagem passou de R$ 574,14, em abril de 2018, para R$ 1.377,32 no mesmo mês deste ano, um aumento de 139,89%.


"A Avianca influenciou muito (a alta dos preços), porque a demanda não mudou e o número de assentos ofertados caiu. Essa demanda migrou para as outras companhias aéreas, que têm algoritmos que percebem isso", diz a diretora-geral da Voopter, Juliana Vital.

A plataforma contabiliza os preços das passagens para os próximos 120 dias e o levantamento não incluiu a ponte aérea, rota mais importante do país. A Avianca tem evitado cancelar voos nesse trecho, não alterando a oferta de assentos.


Em recuperação judicial desde dezembro, a companhia aérea deve cerca de R$ 700 milhões às arrendadoras de aviões e, após uma disputa na Justiça, se viu obrigada a devolver quase toda sua frota.

Das 57 aeronaves que tinha em novembro do ano passado, sobraram cinco. Esse foi o maior movimento de retirada de jatos do mercado brasileiros dos últimos 15 anos, o que resultou na redução de oferta de voos mais brusca do período.


Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a companhia tem hoje uma média de 39 voos diários — eram 280 um ano atrás.

Os dados de inflação do IBGE — que incluem não apenas os preços das passagens das rotas operadas pela Avianca, mas de voos oferecidos por outras empresas - mostram que as tarifas começaram a responder a esse corte de oferta em marco, quando avançaram 7,29%.

No mesmo mês de 2018, elas haviam recuado 15 42%. A variação dos preços no acumulado do ano até março, no entanto, é negativa em 25,5% - no primeiro trimestre de 2018, o recuo havia sido de 19,3%.

Baixa temporada. O especialista em setor aéreo André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, destaca que o período entre o carnaval e o fim de junho é de baixa temporada e, por isso, costuma ter tarifas mais baratas.

A tendência, porém, é que, em 2019, o efeito da redução da oferta prevaleça, elevando as passagens.

"É natural que, no curto prazo, a redução da capacidade eleve os preços, mas, no médio prazo, as rotas [que a Avianca suspendeu] devem voltar a ser operadas, reduzindo a pressão [sobre os preços]", diz.

Para Juliana, da Voopter, a entrada de uma nova companhia no setor, ocupando o espaço da Avianca, é determinante para uma nova redução das tarifas.

Procuradas, Azul, Gol e Latam informaram trabalhar com preços dinâmicos, que variam conforme antecipação da compra e sazonalidade, entre outros fatores. Destacaram também que as tarifas são influenciadas pela cotação do dólar e pelo preço do combustível.

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