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Crise no sistema bancário põe alta das taxa de juros em xeque

Liberação de R$ 280,8 bilhões para salvar o segundo maior banco suíço deve influenciar nas próximas decisões dos bancos centrais

Economia|Do R7

Credit Suisse é o primeiro banco a ser ajudado pelo sistema financeiro desde 2008
Credit Suisse é o primeiro banco a ser ajudado pelo sistema financeiro desde 2008

A crise evidenciada pelos bancos na última semana resultou na liberação de R$ 280,8 bilhões (US$ 54 bilhões) ao Credit Suisse, segundo maior banco suíço. A ajuda emergencial anunciada nesta quinta-feira (16) é desde a crise financeira de 2008 e coloca em dúvida se os bancos centrais serão capazes de manter as taxas de juros em níveis elevados.

O movimento de alta dos juros foi originado na luta contra a inflação global. Isso acontece porque as taxas de juros funcionam com o principal instrumento de política monetária para controlar os preços. Com os juros mais altos, o crédito fica mais caro, a disposição para consumir cai e novas opções de investimento ganham atratividade das famílias.

Diante do cenário, mesmo com dados ruins em relação à inflação e abertura de vagas de trabalho nos Estados Unidos, grande parte do mercado mudou a projeção de alta de juros pelo Federal Reserve, o BC dos EUA, para a manutenção da taxa no atual patamar, atualmente no intervalo de 4,5% a 4,75% ao ano.

Para Marcelo Oliveira, co-fundador da Quantzed, o cenário atual, de fato, mudou para a manutenção da taxa. "Na minha opinião, o FED não vai baixar os juros agora, mas todos esses acontecimentos funcionaram como pressão", afirma ele.


Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, os EUA, o Brasil e o mundo, durante os últimos meses, suportaram juros altos e induziram à falta de crédito como forma de não oxigenar a economia e, assim, controlar a inflação. Ele avalia, no entanto, que o cenário está com os dias contados.

"Esse movimento tem um preço e prazo para acabar e ele começa a cobrar esse ajuste via bancos pequenos, médios e empresas altamente endividadas, que não devem aguentar por muito tempo esse patamar de juros. E como vítima, podemos ter o consumidor fugindo da alta de preços, mas quase que como um beco sem saída, vendo o mundo entrar em recessão”, afirma Alves.


Brasil

No Brasil, Carlos Hotz, sócio-fundador da A7 Capital, diz não acreditar em uma queda de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião da próxima semana, mas avalia o BC poderá já indicar alguma diminuição mais à frente da taxa Selic.

"As decisões tomadas pelo FED impactam nos bancos centrais de todo o mundo. Então, se a gente tem o FED sinalizando um aumento de juros menor do que o mercado esperava, temos outros bancos centrais trabalhando com um spread, um diferencial de taxa de forma mais atrativa. Isso também pode significar uma proximidade de boa intenção entre economia", destaca.

Atualmente, a taxa Selic figura em 13,75% ao ano, o maior patamar desde o início de 2017. Inalterada nas últimas duas reuniões do Copom, a taxa básica de juros do Brasil disparou 11,75 pontos percentuais desde março de 2021, quando aparecia em 2% ao ano, o menor nível da história.

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