Débito automático via Pix vai aumentar competitividade entre bancos, diz diretor do BC
Nova funcionalidade será lançada no 2º trimestre de 2024 e estará disponível em todas as instituições, beneficiando o consumidor
Economia|Do R7, com Agência Estado
O brasileiro quase nem se lembra mais de como era a vida antes do Pix, como mostram os números do Relatório de Gestão do Pix – 2020-2022, divulgado na segunda-feira (4) pelo BC (Banco Central). Com o sucesso do meio de pagamento, o órgão prepara o lançamento de novos serviços, como o cadastro de contas de consumo em débito automático, pelo Pix Automático, a partir do segundo trimestre do ano que vem.
"Para o futuro, queremos que o Pix possa ser mais e mais usado, para qualquer tipo de pagamento e transferência de valores, em diversas modalidades de negócios e por toda a população", afirmou Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, em um live realizada nesta segunda-feira (4).
Ele disse que há uma consulta aberta sobre o Pix Automático no Fórum Pix, um comitê consultivo permanente que atua na construção transparente desse meio de pagamento, do qual participam agentes de mercado.
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Com o novo serviço, mediante uma autorização prévia, o usuário poderá pagar contas recorrentes de forma automática, sem a necessidade de agendar ou autenticar a transação a cada mês, o que diminui o risco de esquecimento e, consequentemente, da incidência de multas e juros por atraso.
Para o recebedor, o principal benefício será permitir a clientes com conta em qualquer participante do Pix que possam deixar pagamentos recorrentes para serem liquidados de forma automática, eliminando a necessidade de abrir contas e estabelecer convênios bilaterais de arrecadação com cada uma das instituições.
"Ele terá um impacto notável na competição bancária, uma vez que as concessionárias de serviços, como o fornecimento de água, energia elétrica e gás, não vão mais precisar ter convênios com alguns bancos. No fim, o maior beneficiado será o consumidor", falou Gomes.
A ideia do BC é que, além das companhias que fornecem serviços públicos, essa nova modalidade do Pix seja utilizada por empresas que ofertem produtos ou serviços que demandem pagamentos recorrentes, como instituições de ensino, academias, clubes de assinatura, serviços de streaming, planos de saúde, seguros, administradores de condomínios, clubes, portais de notícias e operadores de crédito, entre outros.
Com a padronização de regras, de procedimentos operacionais e de fluxos informacionais e financeiros, o banco espera proporcionar mais eficiência aos processos, simplificando a operacionalização e o controle das cobranças e reduzindo custos para os recebedores.
Inclusão financeira
Gomes destacou a inclusão financeira proporcionada pelo instrumento: disse que 71,5 milhões de pessoas que nunca tinham realizado transferências eletrônicas de recursos passaram a usar o Pix no primeiro ano do meio de pagamento. "O sistema financeiro se abriu para muita gente, assim como o comércio online, que ficava restrito a quem tinha cartão de crédito", acrescentou.
Para ele, a segurança e a gratuidade foram fundamentais para popularizar a plataforma de pagamento instantâneo. No último trimestre do ano passado, o instrumento já representava um terço de todos os pagamentos eletrônicos realizados no país.
"O Pix é muito seguro, e essa confiança foi transmitida com sucesso para os brasileiros. Além disso, o Pix é gratuito para as pessoas físicas. É uma experiência do usuário muito conveniente, versátil e segura, e ainda por cima de graça. Isso explica o sucesso", afirmou o diretor.
Ele avalia que, mesmo com o sucesso do Pix entre as pessoas físicas, há espaço para crescimento nas transações com empresas e entes governamentais. "Hoje, 70% das empresas que têm relacionamento bancário já utilizam o Pix. Em dezembro do ano passado, os pagamentos de pessoas físicas para empresas já representavam 24% das operações e têm crescido desde então. É importante que os consumidores peçam descontos quando pagarem com o Pix", relatou.
"Novos produtos, como o Pix Automático, vão ampliar ainda mais a versatilidade desse meio de pagamento", projetou.