Dólar abre em leve queda após saltar 1,35% na terça-feira
Moeda norte-americana é negociada a R$ 5,585 com atenção do mercado às propostas de despesas fora do teto de gastos
Economia|Do R7
O dólar começou os negócios desta quarta-feira (20) em leve baixa, que nem de perto anula os fortes ganhos da véspera, com o mercado de câmbio ainda em modo conservador em meio a temores de ameaça à credibilidade fiscal depois de propostas de despesas fora do teto de gastos.
Na abertura da sessão, a moeda norte-americana à vista caía 0,18%, a R$ 5,5855, e já chegou a zerar a queda. Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,11%, a R$ 5,5920, após bater R$ 5,6040.
Na terça-feira, a cotação no mercado à vista saltou 1,35%, a R$ 5,5956, máxima de fechamento desde 15 de abril (R$ 5,6276). Os juros futuros, que dispararam mais de 50 pontos-base na véspera, rondavam estabilidade, mas ainda com viés de alta.
A movimentação reflete temores dos investidores diante da decisão do governo de colocar parte do pagamento de auxílio à população de baixa renda acima do teto de gastos em 2022. As reações do mercado resultaram no cancelamento da cerimônia de anúncio do programa assistencial.
O noticiário mais recente aponta que o Executivo poderia recorrer a um ajuste na PEC dos precatórios para viabilizar o Auxílio Brasil --a PEC pode ser votada em comissão especial nesta quarta.
Dificultando ainda mais a vida do ministro da Economia, Paulo Guedes, há quem diga que a reforma do Imposto de Renda --aposta inicial do ministro para financiar o Auxílio Brasil — não deve avançar no Senado até pelo menos o fim do governo atual.
A temperatura no mercado e em Brasília, assim, permanece elevada, tanto que o Banco Central voltará a ofertar mais US$ 1,2 bilhão em derivativos da moeda norte-americana, depois de na véspera o real, mais uma vez, ter sido a moeda com pior desempenho do mundo.
"De fato, a despeito das altas da Selic nos últimos meses, o fiscal parece que é o principal responsável pela contínua trajetória altista do dólar frente ao real", disse Rafael Gabriel Pacheco, da Guide Investimentos.