‘Entendo a inquietação do mercado’, diz Haddad ao afirmar que cumprirá meta fiscal
Ministro afirmou que a ideia é fazer as despesas se encaixarem na fórmula aprovada pelo Congresso
Economia|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (30) que entende a “inquietação" do mercado em relação ao arcabouço fiscal. Segundo ele, a dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber no arcabouço.
“A ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo. Tem a sustentabilidade de médio e longo prazo, que é hoje a dúvida que preside as incertezas no mercado", afirmou o chefe da pasta.
Leia também
“O que aconteceria se as despesas obrigatórias continuarem crescendo nesse ritmo? Então, [o arcabouço] é uma fórmula que permite que esse encaixe aconteça”, acrescentou.
O ministro afirmou que a ideia é fazer as despesas caberem na fórmula que foi aprovada pelo Congresso. “No ano passado, o Congresso avalizou uma fórmula. Então, nós temos que encontrar um caminho de fazer com que essa fórmula tenha sustentabilidade no tempo."
Segundo Haddad, a meta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) será cumprida. “O ano já está se encerrando, nossas projeções de arrecadação continuam vindo boas. Este mês provavelmente termina bem [com] o último relatório bimestral.
Haddad justificou também a demora para a redação do arcabouço. “Uma semana não vai prejudicar, pelo contrário, vai melhorar a qualidade do trabalho. Eu até entendo a inquietação [...] Meu trabalho é esse: tentar entregar a melhor redação possível para que haja compreensão do Congresso da situação do mundo e do Brasil, e nós possamos ancorar as expectativas e sair desse rodamoinho que não faz sentido à luz dos indicadores econômicos do Brasil", disse.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu na quarta-feira (30) que o governo apresente no mês de novembro o pacote com medidas de revisão de gastos.
“Para mim, nós precisamos apresentar agora no mês de novembro. A maioria das medidas não precisa ser aprovada esse ano, porque a questão do impacto [fiscal] é para 2026. Se o Congresso falar que quer abrir comissões, com o novo presidente do Congresso, com o novo presidente da Câmara, eu, como ministra, nesse caso, não vejo dificuldades em votação em março”, disse Tebet.
Arcabouço em 2023
O ministro destacou que em 2023 também houve inquietações. “O arcabouço ano passado dissipou incertezas e a gente teve um ano excelente, na sequência, com queda do juro, queda do dólar, ancoragem das expectativas. Espero que aconteça a mesma coisa,“ lembrou.
”Entendo a inquietação, faz parte do mundo, [o mercado] está nervoso por causa das eleições dos Estados Unidos. Tem desacelerações na China, as commodities estão em um vai e vem, mas com tendência de queda. Há vários elementos aí que estão compondo esse quadro", concluiu.