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Falta de energia prejudica mais da metade dos bares e restaurantes de São Paulo

Associação diz que 15% dos estabelecimentos ainda estavam sem luz 72 horas após o temporal de sexta (3); 46,8% relataram perdas

Economia|Mariana Botta, do R7, com agências

Metade dos bares de SP teve prejuízo com falta de luz
Metade dos bares de SP teve prejuízo com falta de luz

Além de grande parte da população de São Paulo ter sido afetada pela falta de energia que começou na última sexta-feira (3), os empresários do setor de AFL (alimentação fora do lar) ainda tentam calcular os prejuízos trazidos pelo "apagão", que se seguiu a um forte temporal. Segundo a Abrasel-SP (Associação de Bares e Restaurantes de São Paulo), 46,8% dos donos de bares e restaurantes tiveram perdas de leves a moderadas.

Um forte temporal atingiu a capital e região metropolitana na sexta, derrubando dezenas de árvores e interrompendo o fornecimento de energia a milhões de pessoas.

No fim da tarde desta segunda-feira (6), ou seja, 72 horas depois da tempestade, cerca de 15% dos estabelecimentos que tiveram o fornecimento interrompido ainda estavam sem energia elétrica na cidade de São Paulo e em outros 24 municípios do estado.

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"Metade dos bares e restaurantes teve prejuízo causado pela falta de refrigeração e, consequentemente, teve que descartar produtos, além de não poder abrir as portas, já que não tem como funcionar sem eletricidade. A outra metade sofreu danos indiretamente, devido à diminuição do movimento em um fim de semana que seria forte para o setor, com feriado prolongado e a rodada de Fórmula 1 na capital", avalia Percival Maricato, diretor institucional e jurídico da Abrasel-SP. 


Entre o domingo (5) e esta segunda, a associação fez um levantamento a partir de informações colhidas dos estabelecimentos. A demora da Enel Distribuição São Paulo para lidar com a situação foi uma das principais queixas dos comerciantes.

Para 49%, a resposta da companhia foi insatisfatória, e 23,4% dos donos de bares disseram que a multinacional italiana levou mais de 24 horas para restabelecer a energia. 

Sem nenhum esclarecimento ao público nos primeiros dias da crise, a Enel se manifestou nesta segunda-feira, por meio de um comunicado, e disse que pelo menos 500 mil moradores de São Paulo e de 24 municípios da região metropolitana permaneciam sem energia após o temporal da sexta-feira.

As regiões da cidade mais afetadas foram as zonas sul e oeste, mas há bairros das zonas leste e norte que ficaram sem luz. A previsão da distribuidora de energia elétrica é que o serviço seja restabelecido em toda a capital até o fim desta terça-feira (7).

Justiça e privatização

Maricato conta que a Abrasel-SP está se reunindo com os associados que foram mais prejudicados, com o objetivo de entrar com uma ação na Justiça contra a Enel, a prefeitura da capital e o estado de São Paulo. "Não vamos requerer apenas o ressarcimento dos danos, mas queremos que os responsáveis garantam que não ocorram mais situações desse tipo. Alguns comerciantes também vão entrar com processo individual."

Para o diretor da Abrasel, apesar da chuva forte e da ventania, as consequências que tanto afetaram o setor de bares e restaurantes poderiam ter sido evitadas. "A necessidade da poda das árvores é um problema visível, evidente. Se a prefeitura não faz esse trabalho, a Enel tem que fazer, porque isso vai atrapalhar o serviço que ela presta."

Uma das causas para a demora no restabelecimento do sistema de distribuição de energia é, segundo o executivo, a empresa (antiga Eletropaulo) ter sido privatizada. "É por isso que tanta gente é contra e tem resistência à privatização. O que uma empresa privada quer é ter o maior lucro possível e, por isso, diminui muito o número de funcionários. Daí, não tem pessoal para fazer a manutenção da rede ou para atender a uma ocorrência grave quando é preciso", afirma Maricato.

Ele diz que, devido à gravidade da situação, o governo precisa dar uma solução definitiva a esse tipo de gestão. "É algo que não pode mais acontecer nesse país", finaliza.

O estado de São Paulo é atendido por distribuidoras de energia dos grupos Enel, CPFL, Neoenergia, EDP e Energisa. A Enel São Paulo é a segunda maior concessionária de energia do país, com uma base de 7,5 milhões de unidades consumidoras na capital e na região metropolitana.

Debate político

Na Assembleia e na Câmara de São Paulo, a falha no fornecimento de energia ajudou quem é contrário à privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), como o deputado estadual Paulo Fiorillo (PT-SP), líder do partido na Assembleia Legislativa.

Para a oposição, a privatização da companhia de eletricidade levou à piora do fornecimento de energia em São Paulo, e o argumento é que o mesmo pode acontecer com os serviços de água se a Sabesp for privatizada.

Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou que a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) pedirá explicações à Enel sobre a interrupção no fornecimento dos serviços de energia. Ele também disse, em uma postagem na rede social X, que Wadih Damous, secretário nacional do consumidor, vai anunciar outras iniciativas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda que o estado "não está preparado" para lidar com eventos climáticos extremos. 

"São Paulo acabou sofrendo com os efeitos da chuva. Isso mostra para a gente que a cidade não está preparada, que o estado como um todo não está preparado para esses eventos climáticos extremos", disse o governador após o lançamento de um programa de bolsas de intercâmbio para alunos da rede pública.

Ele mencionou ainda a intenção de que as pessoas afetadas sejam ressarcidas por meio de um TAC (termo de ajustamento de conduta) com a concessionária.

Freitas e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) se reuniram com representantes da Aneel (agência reguladora dos contratos de concessão de energia elétrica), da Enel e de outras concessionárias de energia, no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul de São Paulo.

O governo paulista pediu ao Procon-SP que apure as medidas que as distribuidoras de energia elétrica tomaram para restabelecer os serviços em vários municípios, já que a falta de luz ainda afeta consumidores da capital e da região metropolitana. O órgão de defesa do consumidor enviou notificações às distribuidoras e pediu informações sobre as providências tomadas diante da interrupção no fornecimento de energia, o atendimento prestado aos consumidores, o tempo de resposta dado ao problema e as medidas previstas para o ressarcimento dos prejuízos.

O Procon-SP também questionou as companhias sobre os planos de contingência e gerenciamento de crises e a quantidade de equipes de campo (normais e extras) que estavam em atividade.

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