600 mil pessoas continuam sem luz após chuva em São Paulo na sexta
Forte temporal derrubou árvores e causou mortes no estado; Enel afirma que fornecimento deve ser normalizado até terça (7)
São Paulo|Do R7, com informações da Agência Estado
Cerca de 600 mil clientes da Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica em São Paulo, continuavam sem luz nesta segunda-feira (6), após as fortes chuvas que atingiram a capital paulista na tarde da última sexta-feira (3).
De acordo com o último balanço divulgado pela concessionária, de um total de 2,1 milhões de clientes afetados pelo temporal, aproximadamente 1,5 milhão teve o serviço normalizado. A previsão da Enel é que o fornecimento seja restabelecido por completo até esta terça-feira (7).
A chuva e a ventania também atingiram outras cidades do estado de São Paulo e causaram sete mortes. A Enel afirma que "essa foi a ventania mais forte dos últimos anos em São Paulo, que atingiu de forma mais severa a rede de distribuição".
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Queda de árvores
Em entrevista à Record TV na manhã desta segunda (6), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que 125 árvores que caíram por causa do temporal ainda aguardavam remoção.
"Foram 172 [remoções] concluídas e tem 125 que, infelizmente, ainda aguardam para serem removidas, com problemas de rompimento de cabos de energia e prejuízo ao tráfego das vias", disse Nunes.
No Paraíso, na zona sul, moradores ficaram mais de 48 horas sem luz. Segundo Kátia Oliveira, também havia dificuldade para obter previsão da Enel. "Muitas árvores caíram na região. Mas é muito tempo sem energia. A empresa deu prazo inicial para meia-noite de sábado. Já é domingo, e nada de retorno. Creio que somente na terça mesmo", disse neste domingo (5).
Segundo o prefeito da capital paulista, os ventos superiores a 100 km/h chegaram à maior velocidade já registrada pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), desde 1995, quando os dados começaram a ser computados.
"Foi uma situação excepcional. Muito fora do contexto", disse Nunes, que afirmou ainda que quedas de árvore também exigem desligamentos temporários da rede.
Mudanças climáticas
Temporais como o de sexta-feira estão associados às mudanças climáticas e demandam adaptação de instalações urbanas, alerta Pedro Luis Côrtes, professor do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP).
"Para se adaptar a essas novas condições impostas, uma das questões básicas é cuidar intensamente da manutenção das áreas verdes, verificando se as árvores estão saudáveis e a necessidade de podas corretivas para que elas possam resistir a eventos climáticos mais extremos", diz.
Côrtes recomenda que seja feito um mapeamento de áreas mais vulneráveis às chuvas. Nesses locais, o especialista afirma, seria necessário transferir a fiação aérea para debaixo do solo. Assim, eventuais quedas de árvores e postes não causariam a falta de luz.
"Não é um empreendimento fácil nem barato. Há inclusive uma discussão de quem arcaria com esses custos. Mas isso precisa ser feito, porque o que temos visto é uma repercussão muito ruim, com regiões há mais de 24 horas sem energia."
Vento derrubou 346 árvores em parques
As fortes chuvas e rajadas de vento que atingiram grande parte de São Paulo na sexta-feira (3) também derrubaram 346 árvores dentro dos parques da cidade, segundo a prefeitura. Os parques onde mais caíram árvores estão na zona sul: o Ibirapuera, com 128 quedas, o Santo Dias, com 61, e o Nabuco, com 26.
Ao todo, mais de 40 municípios, incluindo a capital paulista, tiveram registros de queda de árvores. Foram mais de 2.000 chamados para ocorrências desse tipo, de acordo com as defesas civis e o Corpo de Bombeiros em todo o estado, conforme informou a Defesa Civil.
As rajadas de vento chegaram a 104 km/h em alguns pontos da cidade. Especialistas advertem que ventos acima de 80 km/h podem arrancar até mesmo árvores sadias. O impacto das rajadas, porém, poderia ser reduzido com massa arbórea mais densa, já que, ao entrar pela rua, o vento pode até aumentar sua velocidade.
Recuperação de áreas
Em razão da intensidade do temporal, desde o início da chuva e ao longo da noite, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) acompanhou os trabalhos dos agentes da prefeitura em vários pontos da cidade para recuperação de áreas afetadas.
"Equipes das subprefeituras, da Defesa Civil e agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego [CET], em conjunto com a Enel, passaram a noite, a madrugada e estão nas ruas de todos os bairros da cidade para recuperação de áreas afetadas", disse a prefeitura.
Poucas vias da cidade têm fios enterrados, a exemplo do que ocorre na avenida Paulista. O mais comum é um emaranhado de cabos, alguns deles entrelaçados a galhos de árvores.
A proximidade do verão, época do ano em que a ocorrência de chuvas fortes é mais recorrente, exige ações de zeladoria emergenciais para evitar a repetição desses acidentes. Em 2024, há uma agravante: o El Niño, fenômeno climático que acentua as precipitações.
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