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Gastos do BNDES com publicidade dispararam em meio a escândalos

Banco utilizou 40% dos recursos de propaganda no mês em que foi alvo da Operação Bullish. BNDES diz que gasto foi motivado por campanha especial

Economia|Alexandre Garcia, do R7

BNDES gastou 58,82% menos em publicidade em 2017
BNDES gastou 58,82% menos em publicidade em 2017

O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) utilizou 39,23% dos recursos destinados para publicidade em 2017 ao longo do mês de abril.

O período sucedeu o escândalo da Operação Carne Fraca, que teve como um dos alvos a JBS, empresa beneficiada pelo banco de investimento. O mês com o recorde de repasses para publicidade ainda foi marcado pela Operação Bullish, que colocou o BNDES e a companhia alimentícia na mira da PF (Polícia Federal).

Em nota enviada ao R7, o banco afirma que o gasto do mês de abril "não teve nenhuma relação com o noticiário" e foi "ocasionado pela campanha publicitária do Novo Portal do BNDES na Internet".

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De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo R7, com base na Lei de Acesso à Informação, o BNDES gastou R$ 9.418.240,24 com propaganda no quarto mês do ano. O valor é 285% superior aos R$ 2.445.445,93 gastos em março — o segundo maior — para a mesma finalidade no ano passado.


Curiosamente, o banco de desenvolvimento ganhou as manchetes no final do mês de março devido a Operação Carne Fraca, que mirou o frigorífico JBS, no qual o BNDES possui participação e fez investimentos significativos nos últimos anos. O objetivo do banco era fazer o frigorífico se tornar o maior produtor e comercializador de proteína animal do mundo.

Logo que o escândalo estourou no País, a então presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, disse que era “muito prematuro ter algum posicionamento”. Apesar disso, o banco teve um prejuízo bilionário com a queda no valor das ações da JBS na bolsa de valores. “Ações oscilam na Bolsa [de Valores]. Vão e voltam”, comentou Marques na ocasião.


Outro fator que marcou o período do ano para o BNDES foi o acordo de deleção assinado pela JBS com o MPF (Ministério Público Federal). Em abril, o banco e a empresa foram os principais alvos da Operação Bullish, que investigou o repasse de R$ 8,1 bilhões para a empresa dos irmãos Batista

Os sucessivos escândalos com os empréstimos feitos às empresas envolvidas em corrupção dentro e fora do País abriram espaço para o questionamento do real papel do banco público. Até então, o BNDES oferecia dinheiro a um valor inferior à taxa básica de juros e, consequentemente, à captação de recursos do governo com a emissão de títulos públicos. 


Ao todo, a instituição de fomento fechou 2017 com um gasto total de R$ 24.005.540,72 em publicidade, montante 58,82% menor do que os R$ 58.297.441,82 de 2016.

Meios de comunicação

Entre os meios de comunicação, o que mais recebeu recursos do banco estatal ao longo do mês de abril foi a televisão, com 20% de tudo aquilo que foi destinado para publicidade em 2017: R$ 4.786 milhões. Os desembolsos no mês foram seguidos por jornal (R$ 1.461 milhão), revista (R$ 1.143 milhão), rádio (R$ 909 mil) e internet (R$ 767 mil).

No acumulado do ano, o banco de desenvolvimento destinou R$ 6.356.705,54 (26,4%) para a internet, R$ 5.756.105,85 (23,9%) para veículos de televisão, R$ 3.357.516,14 (13,9%) para jornais, R$ 3.256.006,50 (13,5%) para rádios, R$ 1.909.808,32 (7,9%) para revistas, R$ 1.909.808,32 (5,1%) para outras mídias e R$ 2.121.654,59 (8,8%) para produção.

Outro lado

Em nota, o BNDES afirma que o aumento substancial no fluxo de pagamentos de publicidade durante o mês de abril de 2017 foi ocasionado pela "campanha publicitária do Novo Portal do BNDES na Internet, que foi veiculada em março e paga em abril".

O banco de fomento destaca no comunicado que "as faturas pagas em abril referentes a essa campanha totalizam R$ 8.033.855,10" e que, "se descontarmos esse valor, do total pago em abril, que foi de R$ 9.418.240,24, chegaremos ao valor de R$ 1.384.385,14".

A instituição ressalta ainda que "campanha do Novo Portal do BNDES estava aprovada e programada desde outubro de 2016", por isso, "não teve nenhuma relação com o noticiário".

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