Governo discute com bancos juros do rotativo do cartão de crédito
Fernando Haddad se reúne nesta segunda (17) com a Febraban; ele diz que essa é apenas uma de 14 medidas em negociação
Economia|Do R7
Em uma rápida conversa com jornalistas nesta segunda-feira (17), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que, um pouco mais tarde, vai se encontrar com membros da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Ele disse que o principal assunto da conversa com os representantes dos bancos será o crédito rotativo do cartão de crédito.
"Estamos negociando faz tempo, e hoje nós já vamos discutir alternativas. Eu já havia dito para vocês que nós vamos lançar várias medidas para melhorar o ambiente de crédito. Essa questão [do rotativo] é só uma das 14 medidas [que serão lançadas]", afirmou Haddad.
O ministro disse que não está na pauta o tema do parcelamento das compras no cartão de crédito, modalidade de crediário que só existe no Brasil. "Não vamos discutir parcelamento, mas a taxa de juros que tá sendo cobrada da população. Tem muita coisa que dificulta [a vida das pessoas] com o endividamento. É um desenho que está prejudicando muito a população de baixa renda", justificou.
Ele afirmou também que a maioria das pessoas que hoje estão no cadastro de negativados da Serasa se encontra nessa situação por causa do cartão de crédito. "Não só, mas é também pelo cartão de crédito, porque elas não conseguem sair do rotativo", explicou.
"Nós vamos encontrar um caminho, um caminho negociado, como nós fizemos com a redução do consignado dos aposentados", disse Haddad, que prometeu anunciar as medidas relacionadas a crédito ainda nesta semana.
O ministro, que voltou ao Brasil no domingo (16), fez parte da comitiva presidencial nas viagens à China e aos Emirados Árabes Unidos. Na manhã desta segunda, antes de falar com a imprensa, ele atendeu a algumas "demandas da Casa Civil", como afirmou.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou em nota será o primeiro encontro institucional com o ministro da Fazenda, no qual será levado um estudo sobre a indústria do cartão de crédito no Brasil.
"A Febraban e seus bancos associados têm como prioridade a redução do custo de crédito no país, sendo necessário compreender e atacar as causas dos altos juros, com adoção de medidas corretas, que levem em consideração a estrutura de custos do setor, as especificidades de cada produto e sigam a racionalidade econômica", afirmou a instituição.
"Nesse sentido, a entidade entende como oportuna a discussão técnica e aprofundada das causas que levam o cartão de crédito a ter patamares elevados de juros. A Febraban ressalva, no entanto, que esse é um tema que nos convida a um amplo debate, para enxergar as consequências, envolvendo BC, Fazenda e os participantes da indústria. E nossa expectativa é que essas conversas vão levar a um ponto de convergência", acrescenta.