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Inflação fecha 2022 a 5,79%, acima do teto da meta pelo 2º ano seguido

Alta do IPCA no acumulado dos 12 meses encerrados em dezembro foi puxada pelos preços dos alimentos, dos itens de vestuário e de saúde e cuidados pessoais, mostra IBGE

Economia|Do R7

Preço da cebola mais do que dobrou em 2022, afirma IBGE
Preço da cebola mais do que dobrou em 2022, afirma IBGE

Influenciada pelo aumento de preço dos alimentos, das roupas e dos itens de saúde e cuidados pessoais, a inflação oficial de preços do Brasil encerrou 2022 com alta de 5,79% e furou o teto da meta pelo segundo ano consecutivo, mostram dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A meta estabelecida pelo CVM (Conselho Monetário Nacional) para a inflação do ano passado era de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 2% a 5%). Com o estouro, o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, deverá encaminhar uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para justificar o ocorrido.

Ao longo do ano passado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve oscilações constantes no acumulado de 12 meses. Em abril, o indicador superou 12%, mas arrefeceu nos meses seguintes com a redução da alíquota do ICMS sobre a gasolina e a energia elétrica.

Ainda que o índice oficial de preços tenha furado o teto da meta no ano passado, o resultado no acumulado entre janeiro e dezembro é inferior ao apurado em 2021, quando o indicador disparou mais de 10%, o equivalente a quase o dobro da taxa predeterminada para o período.


Somente em dezembro, o indicador registrou alta de 0,62%, variação superior ao avanço de 0,41% apurado no mês anterior, com alta de todos os grupos de produtos e serviços pesquisados, com destaque para saúde e cuidados pessoais (+1,6%) e vestuário (+1,52%). Os itens de transportes (+0,21%) e habitação (+0,2%) subiram menos do que em novembro.

Produtos

O resultado da inflação de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo alimentação e bebidas (+11,64%), que teve o maior impacto (2,41 pontos percentuais) no acumulado do ano. Em seguida, os produtos de saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 ponto percentual de impacto.


Entre os alimentos, aqueles consumidos dentro de casa tiveram a maior influência, com alta de 13,23%, A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 7,47%. Enquanto a refeição teve aumento de 5,86%, a alta do lanche foi de 10,67%.

Entre os destaques, aparecem a cebola (+130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa-vida (26,18%). A batata-inglesa (+51,92%), as frutas (+24%) e o pão francês (+18,03%) também ficaram mais caros em 2022.


"A alta [da cebola] está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas", explica o analista de preços do IBGE, André Almeida. Já sobre o leite, ele recorda que os preços subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%. 

"A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o fim do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%)”, completa Almeida. 

A maior variação de preços do ano passado, no entanto, partiu do grupo vestuário (+18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. Já o grupo habitação ficou próximo da estabilidade, com 0,07% de variação, e os transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 ponto percentual) entre os nove grupos pesquisados.

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