Levantamento revela queda no consumo de bens e serviços de saúde durante a pandemia
Segmento teve queda no consumo, mas maior participação no PIB por causa do aumento dos preços, aponta estudo do IBGE
Economia|Do R7, com informações da Agência IBGE
Um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que houve queda do consumo de bens e serviços relacionados a saúde durante o período da pandemia por Covid-19. O estudo aponta que houve aumento do segmento na participação do PIB (Produto Interno Bruto), de 9,6% em 2019 para 10,1% em 2020, especialmente pelo aumento nos preços de produtos como medicamentos e em serviços de saúde. A pesquisa divulgada nesta sexta-feira (5) é resultado da parceria com a Fiocruz, IPEA, ANS e Ministério da Saúde.
De acordo com a analista da pesquisa Tassia Holguin, a saúde foi um setor fortemente afetado pela pandemia. "Em 2020, observamos uma queda na quantidade de procedimentos ambulatoriais e hospitalares, como consultas e cirurgias eletivas. No sentido oposto, em 2021 houve um crescimento do consumo de bens e serviços de saúde, o que pode ser parcialmente atribuído ao início da campanha de vacinação contra a Covid-19, ao aumento do consumo de medicamentos e à retomada da realização de consultas, exames e cirurgias eletivas” diz.
Em relação ao valor adicionado bruto (o quanto a atividade contribuiu para o PIB), o setor saúde caiu 3,9% em 2020, enquanto as demais atividades recuaram 3,1%. Em 2021, o valor adicionado das atividades relacionadas à saúde cresceu 7,4% e das atividades não saúde, 4,3%.
“Apesar da queda do consumo de bens e serviços de saúde em 2020, a participação das despesas com saúde no PIB subiu de 9,6% para 10,1%. Isso pode ser explicado pelo aumento dos preços de medicamentos e serviços de saúde, em comparação à média da economia. A pandemia provocou maiores gastos com saúde tanto por parte do governo quanto por parte das famílias”, afirma Tassia. A variação de preço dos medicamentos consumidos pelas famílias foi de 7,1%, enquanto para o governo o aumento de preços no fornecimento dos serviços de Saúde pública foi de 29,3%.
O levantamento mostra que no Brasil o gasto público com saúde em relação ao PIB é um dos menores quando comparado a países selecionados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com 4,0%.
"Em todos os países observa-se um aumento dos gastos do governo como proporção do PIB com saúde em 2020, primeiro ano da pandemia. No entanto, o gasto público do Brasil, México e Chile reduziu-se nessa comparação em 2021, em relação ano anterior, enquanto Reino Unido, Alemanha, França e Colômbia elevaram suas despesas com saúde em relação ao PIB em 2021", diz o estudo.