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Limitar compras parceladas sem juros pode impedir funcionamento de empresas, diz Sebrae

Presidente do BC ventilou a ideia como uma forma de compensar uma possível limitação do juros do rotativo do cartão de crédito

Economia|Do R7

75% das compras no Brasil são parceladas, segundo a Febraban
75% das compras no Brasil são parceladas, segundo a Febraban

Um eventual limite nas compras parceladas sem juros pode impedir o funcionamento de empresas e o consumo das famílias no Brasil. É o que diz o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas).

A possibilidade de limitar essa forma de pagamento foi mencionada pelo presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, em audiência no Senado na última quinta-feira (10).

Na visão do Sebrae, “o acesso a crédito no Brasil é ainda um dos grandes entraves que impedem o desenvolvimento econômico e social do país de forma mais vigorosa e sustentável, tanto para as empresas quanto para as famílias”.

A ideia de limitar ou extinguir o parcelamento sem juros seria ter “algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento [de compras] sem juros tão longo”, segundo Campos Neto.


No dia seguinte, ele disse ter levado um “puxão de orelha” por causa da fala.

Isso seria uma forma de compensar os bancos por um eventual fim da cobrança de juros rotativos do cartão de crédito. É o valor que o usuário paga a mais por não ter quitado integralmente a fatura no fim do mês.


Segundo dados do BC, os atuais juros do rotativo do cartão no Brasil são de 437% ao ano. São considerados um dos mais altos do mercado.

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Contudo, para o presidente do Sebrae, Décio Lima, a sugestão do presidente do BC não vai “resolver o problema” do rotativo do cartão, mas “criar outros”.


“Estamos atentos e apoiamos as iniciativas dos poderes Executivo e Legislativo em relação aos exorbitantes juros cobrados no crédito rotativo e esperamos que sejam mais transparentes e, obviamente, que a discussão não prejudique o funcionamento das empresas nem impeça o consumo das famílias”, argumenta Lima.

Caso a medida seja implementada, todas as aquisições pagas em prestações correrão o risco de ficar mais caras. De acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), 75% das compras no Brasil são parceladas.

Por exemplo, será mais difícil dividir a compra de uma geladeira sem aumentar o preço do produto.

Problema complexo

Nesse sentido, há muitos fatores que contribuem para as altas taxas de juros no Brasil, não só do rotativo do cartão.

Um deles é a baixa taxa de recuperação de crédito. Ou seja, quanto se recupera de um valor devido a alguém ou a um banco.

No Brasil, 18,2% do débito é restituído pelo credor. A média mundial é de 36,9%. Os dados são do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Dessa forma, as instituições financeiras tendem a cobrar mais caro para conceder empréstimos. Isso porque, no país, o risco de elas tomarem calote é maior.

Próximos passos

Um grupo de trabalho foi montado para discutir a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito. Fazem parte do colegiado o BC, o governo federal e representantes de grandes bancos.

Nos últimos meses, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou os patamares cobrados pela modalidade.

Nos próximos 80 dias, o grupo deve apresentar uma proposta de solução para a questão.

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