Mudança no varejo: sai Luiza Trajano, entra Luciano Hang na lista dos 10 mais ricos do país
Fortuna pessoal do empresário de Santa Catarina aumentou 77% em 2021, já a da dona do Magazine Luiza caiu 73%
Economia|Vinicius Primazzi, do R7*
A lista dos bilionários divulgada pela Revista Forbes na terça-feira (5) apresentou novidades no Top 10. A primeira delas é Luciano Hang, dono da rede varejista Havan. Com fortuna estimada em R$ 22,5 bilhões (US$ 4,8 bilhões), o empresário volta a figurar na décima posição do ranking nacional depois de três anos (em 2019 ele era o oitavo).
A outra é a ausência de Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, que havia ficado na oitava posição em 2021 e agora aparece na 50ª, com R$ 6,5 bilhões (US$ 1,4 bilhão).
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No segundo semestre de 2021, as ações dos grandes varejistas despencaram. A Magalu, por exemplo, registrou queda de 67,6% no último ano. As ações, cotadas a R$ 23,90 em julho, hoje (7) são comercializadas a R$ 6,60.
Outro exemplo é a Via Varejo (Casas Bahia, Extra, Ponto Frio), que caiu 65,8% desde agosto de 2021. Essa tendência tem relação direta com a taxa de juros praticada em solo nacional, que aumentou consideravelmente de 2021 para 2022. Isso dificulta o acesso ao crédito para o consumidor e desestimula as compras.
A taxa Selic no país atualmente é de 11,75% ao ano. Em janeiro de 2021 estava em apenas 2%.
A inflação alta também prejudicou o poder de compra dos brasileiros. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de 10,06% no ano passado.
Apesar de o comércio ter fechado 2021 em alta de 5,5%, o fim do ano foi ruim para o setor, com quedas no faturamento de todo o varejo.
Além disso, em razão da pandemia de Covid-19, a base de comparação com 2020 é baixa, o que faz com que os números de 2021 pareçam mais altos do que realmente são.
A presença de Hang na lista dos dez mais ricos do Brasil, portanto, surpreende, já que ele atua justamente no ramo do varejo. Ainda que 2021 tenha registrado o maior faturamento da história da empresa (R$ 12,6 bilhões, 19,3% mais que no ano anterior), sua fortuna pessoal aumentou 77%, de US$ 2,7 bilhões para US$ 4,8 bilhões no mesmo período.
A trajetória de Luiza Trajano, por sua vez, foi mais próxima à dos resultados do setor, já que ela viu sua fortuna despencar cerca de 73% no ano passado, de US$ 5,3 bilhões para US$ 1,4 bilhão.
Série histórica do faturamento da Magazine Luiza
A análise da série começa em 2019, quando a empresa registrou faturamento de R$ 27,3 bilhões, valor ancorado pelas vendas por ecommerce, que responderam por 45% do total.
No ano seguinte, a Magalu faturou R$ 43,5 bilhões, cerca de 60% mais que no anterior. O ecommerce também cresceu (121%) e foi responsável por 64% do total.
Já em 2021, apesar do faturamento recorde, de R$ 56 bilhões, o crescimento foi bem menor (28%) e a empresa chegou a registrar prejuízo de R$ 79 milhões no último quadrimestre.
Série histórica do faturamento da Havan
Em 2019, a Havan registrou faturamento de R$ 10 bilhões, número que se repetiu em 2020, ainda que o lucro da companhia tenha aumentado 30% no mesmo período.
Os resultados de 2020 foram comemorados por Luciano Hang que, com otimismo, disse que tinha planos grandiosos para o ano seguinte.
Em 2021, a empresa de fato cresceu bastante. O faturamento aumentou 19,6% e fechou em R$ 12,6 bilhões, com lucro líquido de R$ 1,3 bilhão.
Importante ressaltar que, diferentemente do Magazine Luiza, a Havan não é uma empresa de capital aberto, isto é, não está listada na Bolsa de Valores. O gigante do ramo do varejo chegou a entrar com pedido para abrir seu capital em maio de 2021, mas foi indeferido pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Depois disso, a marca desistiu da ideia.
* Estagiário do R7, sob supervisão de Marcos Rogério Lopes.