Número de empregos na indústria aumenta em quase 1 milhão após pandemia, diz IBGE
Setor retoma empregos e chega a 8,5 milhões de trabalhadores, mas salários seguem abaixo do nível de uma década atrás
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

A indústria brasileira recuperou 910,9 mil postos de trabalho entre 2019 e 2023, um crescimento de 12% no número de pessoas ocupadas no setor desde a pré-pandemia. Os dados são da PIA (Pesquisa Industrial Anual), divulgada nesta quarta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2023, o número total de trabalhadores no setor chegou a 8,5 milhões de pessoas, o maior patamar desde 2015. A maior parte (97,2%) estava nas indústrias de transformação, enquanto as indústrias extrativas empregavam 239,9 mil pessoas.
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O principal motor da retomada foi a fabricação de produtos alimentícios, que gerou 373,8 mil empregos no período. Outras atividades que cresceram foram manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (+97,6 mil postos) e a fabricação de máquinas e equipamentos (+66,6 mil).
Apesar do crescimento no curto prazo, o nível de ocupação industrial ainda é 3,1% menor do que em 2014.

Isso representa uma perda líquida de 272,8 mil empregos em uma década — reflexo, principalmente, da redução nas indústrias de transformação, que fecharam 285,2 mil vagas nesse intervalo. A indústria extrativa, por outro lado, obteve um ganho de 12,4 mil pessoas no período.
Salários estagnados
Apesar da recuperação no volume de empregos nos últimos anos, os salários pagos na indústria mostram pouca evolução. Em 2023, a remuneração média mensal foi de 3,1 salários mínimos — o mesmo patamar registrado nos dois anos anteriores e abaixo do valor de 2013, que era de 3,4 salários mínimos.
O salário médio nas indústrias extrativas aumentou de 5,2 salários mínimos em 2022 para 5,3 salários mínimos em 2023, enquanto o das indústrias de transformação se manteve estável em três salários mínimos pelo terceiro ano consecutivo.
A maior remuneração média, de 17,9 salários mínimos (o equivalente à cerca de R$ 27,1 mil) foi registrada no setor de extração de petróleo e gás natural.
Além da estagnação salarial, a pesquisa revela uma redução no porte médio das empresas industriais. O número médio de pessoas ocupadas por empresa caiu de 26, em 2014, para 23, em 2023.
Essa mudança foi mais sentida nas indústrias de transformação, que passaram de 26 para 22 empregados por empresa, enquanto nas indústrias extrativas houve leve alta, de 33 para 35.
Outro destaque do levantamento foi a redução na concentração da receita nas grandes empresas. As companhias com 500 ou mais trabalhadores ainda respondem por 67,9% da receita líquida de vendas da indústria, mas esse percentual caiu 0,1 ponto percentual em dez anos.
Já as oito maiores empresas do setor concentraram 22% do valor de transformação industrial em 2023.
Recorde de empresas
Em 2023, o país bateu recorde e registrou o maior volume de empresas da série histórica, iniciada em 2007. Ao todo, são 376,7 mil empresas com uma ou mais pessoas ocupadas.
Essas empresas geraram uma receita líquida de vendas de R$ 6,5 trilhões e um valor de transformação industrial de R$ 2,4 trilhões, dos quais 88,6% foram provenientes das Indústrias de transformação.
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