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Paralisação de caminhoneiros já causou prejuízos de R$ 26 bilhões

Estudo ainda mostra que cofres públicos deixaram de arrecadar R$ 3,8 bilhões em tributos em oito dias de manifestações

Economia|Fernando Mellis, do R7

Greve impactou quase todos os setores
Greve impactou quase todos os setores

A paralisação dos caminhoneiros em todo o país já dura oito dias e provocou neste período um prejuízo estimado de R$ 26,3 bilhões em negócios não realizados, segundo um estudo realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) e Empresômetro.

O levantamento ainda considera que os cofres públicos deixam de arrecadar em torno de R$ 3,86 bilhões com tributos. 

"A base de arrecadação tributária está diretamente relacionada com os fatos econômicos e financeiros que ocorrem no país diariamente. Em decorrência da greve, diversos negócios deixam de ser realizados, como a compra e venda de bens e mercadorias, prestação de serviços, deslocamento de pessoas, contratação de novos empregados, movimentações financeiras, etc.", observam os coordenadores do estudo, Gilberto Luiz do Amaral, Cristiano Lisboa Yazbek, João Eloi Olenike e Lety Mary Fernandes do Amaral.

As projeções mostram também que se as paralisações chegarem a duas semanas, as perdas com negócios não realizados podem atingir R$ 80 bilhões, além de R$ 11,3 bilhões que deixariam de ser arrecadados com impostos.


Hoje, estima-se que entre 60% e 80% da indústria brasileira esteja sendo prejudicada com o movimento dos caminhoneiros. No comércio, os problemas afetam entre 20% e 40% dos negócios.

Os reflexos mais graves são nos transportes, com mais de 80% de empresas e usuários atingidos, e no agronegócio, na mesma proporção.


O levantamento sinaliza para uma situação de colapso de praticamente todos os setores da economia, caso as paralisações cheguem ao 16º dia, com mais 80% das pessoas impedidas de se locomoverem.

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O diretor do Empresômetro, Otávio Amaral, calcula que 123 mil empresas brasileiras ligadas, principalmente, à indústria de transformação e ao agronegócio tenham sido impactadas pelos protestos que prejudicaram o abastecimento em boa parte do país.


A situação mais preocupante envolve o abate de animais e mercadorias perecíveis, como leite, verduras, legumes e frutas. Normalmente, os produtores trabalham com pouco estoque e quando surgem problemas como a falta de transporte são obrigados a jogar fora a produção. 

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) calcula prejuízo de R$ 3 bilhões até o momento e já cogita a morte de 1 bilhão de aves e 20 mil suínos, caso não cheguem rações nos criadouros.

O Conselho Paritário de Produtores e Indústrias do Rio Grande do Sul afirmou que são descartados cerca de 8 milhões de litros de leite a cada dia de paralisação.

Já a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) e a consultoria Ebit estimam perdas de R$ 300 milhões nas vendas online de maio, que deveriam fechar com faturamento de R$ 4,57 bilhões. A entidade pede que haja isenção do rodízio para entrega de encomendas na cidade de São Paulo, com objetivo de agilizar os serviços represados. 

Negociações

O governo anunciou ontem um segundo pacote de incentivos aos caminhoneiros para tentar colocar fim às manifestações. Ao mesmo tempo, polícias e Exército tentam dispersar mais de 500 pontos de protestos que ainda ocupavam estradas.

O custo do governo com o pacote de subsídios do diesel, anunciado ontem, será de R$ 9,5 bilhões até o fim do ano. Além disso, a União terá que achar outros tributos para compensar o alívio aos impostos que incidem sobre o diesel. Com isso, poderá haver aumento da carga tributária em outras áreas. 

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