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Programa para devedores já tirou  R$ 176 bilhões dos cofres públicos

Montante deixou de entrar para a União com o programa de refinanciamento de dívidas tributárias, o Refis, segundo cálculos de auditor fiscal

Economia|Giuliana Saringer, do R7

Auditores realizam encontro nesta quarta em São Paulo
Auditores realizam encontro nesta quarta em São Paulo

O auditor fiscal da Receita Federal Júlio Cesar Vieira Gomes afirma que os parcelamentos especiais do Refis — o programa do governo que refinancia e reduz dívidas de contribuintes — fizeram com que os cofres públicos deixassem de receber R$ 176 bilhões nos últimos 18 anos. 

— Essa renúncia também tem impacto no orçamento dos Estados e municípios, porque a constituição prevê o repasse de parte da arrecadação da União para eles.

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A afirmação foi feita durante o primeiro painel do seminário "Os desafios para o próximo governo: justiça fiscal e combate à sonegação e à corrupção", organizado pela Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil).

O evento acontece nesta quarta (1) e quinta-feira (2), no teatro Maksoud Plaza, e é formado por cinco painéis. 


Segundo Gomes, a Receita estima que a renúncia fiscal cause um impacto de R$ 13 bilhões aos municípios e R$ 18 bilhões aos Estados. 

No Brasil, existem os parcelamentos convencionais e os especiais. Em 18 anos, foram criadas 40 formas de parcelamento.


— Já seria atraente em qualquer lugar do mundo [o parcelamento]. Além do parcelamento tão dilatado, há outros benefícios extremamente excepcionais, como a anistia de crimes tributários e rolagem da dívida. 

O jurista Vasco António Branco Guimarães, do Centro de Estudos Fiscais da DGCI, diz que o sistema tributário brasileiro tem uma série de problemas, sintomas da corrupção.


— O sistema está incentivando um comportamento errado que corrompe o sistema tributário. Refis em cima de Refis com folha suja. É uma forma de dinamitar o sistema jurídico, quem está tentando fazer cumprir a norma na Fazenda.

A Receita Federal é historicamente contra os parcelamentos especiais porque é comum os contribuintes aderirem ao programa apenas para conseguirem comprovar naquele momento sua regularidade fiscal - uma condição para firmar contratos com o setor público ou participar de licitações. Com a certidão em mãos, porém, deixam de pagar as chamadas "obrigações correntes".

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