Semana de 4 dias de trabalho no Brasil será testada por 21 empresas

O modelo reduz a carga horária de 40 para 32 horas semanais sem alteração do salário mensal

30/08/2023 - 19h14 (Atualizado em 29/03/2024 - 08h51)

Os funcionários de 21 empresas brasileiras vão passar a trabalhar quatro dias por semana, sem redução de salário. O projeto-piloto da Semana de 4 Dias (4 Day Week Brazil) começa a fase de planejamento no próximo dia 5 de setembro e, a partir de novembro, a prática, com previsão de término em abril de 2024.

O modelo que será testado reduz a carga horária de 40 para 32 horas semanais sem alteração de salário, segundo a organização 4 Day Week Global.

Hospital, empresa de arquitetura, hotelaria, consultoria de recrutamento, alimentos, varejo, entretenimento e plataformas de tecnologia e inovação são alguns dos segmentos das companhias que se inscreveram até agora.

O projeto é conduzido pela consultoria de felicidade corporativa Reconnect Happiness at Work e pela 4 Day Week Global, em parceria com pesquisadores da Universidade Cambridge e do Boston College.

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A organização realiza estudos com empresas ao redor do mundo para experimentar a semana de trabalho de quatro dias. O objetivo é melhorar a produtividade, a satisfação dos funcionários e promover um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Trabalhar só em 4 dias na semana? Confira países que adotaram jornada reduzida

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A redução da jornada de trabalho é um assunto que ganha espaço em diversos países. A mudança de cinco para quatro dias visa melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, assim como a produtividade.

Sindicatos em vários países tentam negociar essa mudança com os patrões. Confira como a redução da jornada está funcionando pelo mundo

*Sob supervisão de Pablo Marques

Portugal

O governo português aderiu a um programa-piloto de semana de trabalho de quatro dias, seguindo o sucesso de iniciativas semelhantes em outros países. Tudo foi financiado pelo Estado, envolvendo 39 empresas privadas, em parceria com o grupo sem fins lucrativos 4 Day Week Global. Segundo o Euronews, as empresas participantes adotaram o modelo "100:80:100" — 100% do salário por 80% do tempo de trabalho — em troca da manutenção de pelo menos 100% da produtividade. O objetivo é reduzir a extensa jornada de trabalho em Portugal, onde 72% das pessoas trabalham mais de 40 horas por semana, de acordo com um relatório compilado por universidades do Reino Unido

Bélgica

O país foi o primeiro da Europa a legislar a favor da semana de trabalho de quatro dias. Em fevereiro de 2022, os belgas conquistaram o direito de cumprir uma semana de trabalho completa em quatro dias, sem perda salarial. A nova lei entrou em vigor em 21 de novembro de 2022, permitindo aos funcionários que decidam se desejam trabalhar quatro ou cinco dias por semana. No entanto, isso não significa que eles trabalharão menos. Eles simplesmente condensam suas horas de trabalho em menos dias. O objetivo é oferecer às pessoas e empresas mais liberdade para organizar seu tempo de trabalho e facilitar a conciliação entre vida familiar e carreira

Reino Unido

Após um teste de seis meses, empresas no Reino Unido planejam adotar a semana de trabalho de quatro dias permanentemente. O programa-piloto, o maior do tipo, envolveu cerca de 61 empresas e mais de 3.300 funcionários. A iniciativa visava estudar o impacto da redução das horas de trabalho na produtividade, no bem-estar dos funcionários, no meio ambiente e na igualdade de gênero.

Pesquisadores das universidades de Cambridge e Oxford e do Boston College, juntamente com grupos de defesa como o 4 Day Week Global, conduziram o programa. Os resultados positivos levaram à decisão de estender a semana de trabalho reduzida

Espanha

O país também iniciou, em dezembro, um programa-piloto para permitir a pequenas e médias empresas que reduzam a semana de trabalho em meio dia, sem redução salarial. O objetivo é aumentar a produtividade, e o programa conta com um fundo de 50 milhões de euros para apoiar as empresas participantes.

As empresas podem receber até 200 euros por trabalhador por mês, desde que demonstrem melhorias na produtividade. A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo para reavaliar as práticas de trabalho e promover um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

Islândia

A Islândia realizou uma iniciativa bem-sucedida de uma semana de trabalho de 35 a 36 horas, sem redução salarial. O experimento, conduzido entre 2015 e 2019, envolveu cerca de 2.500 trabalhadores em diversos setores. Os resultados mostraram que os funcionários experimentaram menos stress, tiveram melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, além de relatarem melhorias em sua saúde e felicidade. O sucesso do programa na Islândia inspirou outros países a explorar a redução da jornada de trabalho

Nova Zelândia

A Unilever está realizando, na Nova Zelândia, um teste de um ano com uma semana de trabalho mais curta e com pagamento integral. O gigante de bens de consumo pretende avaliar o impacto da redução das horas de trabalho em produtividade, satisfação dos funcionários e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

O programa, em fase de testes, envolve cerca de 81 funcionários, que serão monitorados de perto para determinar se a iniciativa pode ser estendida para outras partes do mundo

Alemanha

Os sindicatos locais têm defendido a redução das horas de trabalho, incluindo a implementação da semana de trabalho de quatro dias. Uma pesquisa realizada pelo Instituto YouGov mostrou que 70% dos trabalhadores alemães são a favor da redução da jornada de trabalho semanal para 32 horas, enquanto 60% dos empregadores apoiam a ideia. Os defensores argumentam que isso poderia melhorar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, além de reduzir o stress e aumentar a produtividade

Escócia

A Escócia planeja iniciar um teste governamental de semana de trabalho de quatro dias ainda neste ano, seguindo os resultados positivos da Islândia. Os trabalhadores terão uma redução de 20% nas horas de trabalho sem perda salarial. O governo escocês apoiará as empresas participantes com um financiamento de 10 milhões de euros (R$ 61,3 milhões).

Pesquisas mostraram que 80% das pessoas têm uma opinião positiva sobre a ideia, acreditando que isso melhoraria sua saúde e felicidade. Algumas empresas escocesas já adotaram semanas de trabalho reduzidas, como a UPAC Group, que anunciou uma semana de trabalho de quatro dias com salário integral após um programa-piloto bem-sucedido

Japão

Grandes empresas no Japão estão explorando a redução da semana de trabalho em busca de um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. O país enfrenta problemas relacionados ao excesso de trabalho, como longas horas e altas taxas de suicídio. Empresas como Microsoft Japan, Uniqlo e Fujitsu implementaram programas de semana de trabalho de quatro dias ou reduziram as horas de trabalho semanal

No Brasil, existe uma proposta para implementar a redução da jornada de trabalho. A PEC 231/1995 reduziria a carga horária atual de 44 horas semanais para 40 horas. No entanto, essa proposta está em tramitação no Congresso Nacional há quase duas décadas, pois está passando por análises desde 1995. Em 2009, houve a última movimentação significativa, quando foi aprovada em uma comissão especial. Desde então, a proposta não recebeu novas votações, e apenas ações dos parlamentares poderiam impulsioná-la novamente

A redução da jornada de trabalho é um assunto que ganha espaço em diversos países. A mudança de cinco para quatro dias visa melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, assim como a produtividade. Sindicatos em vários países tentam negociar essa mudança com os patrões. Confira como a redução da jornada está funcionando pelo mundo *Sob supervisão de Pablo Marques

Perfil

A maioria das empresas que se inscreveram no Brasil é de pequeno e médio porte, de dez a cem funcionários. Outras variam de 200 a mil funcionários. Com exceção de duas organizações do Sul, todas ficam na região Sudeste.

Método 100-80-100

A metodologia da semana de quatro dias será a mesma adotada em outros países e utilizará o modelo chamado 100-80-100: 100% de salário, 80% de tempo e 100% de produtividade. Os participantes vão receber instruções, estratégias e suporte para lidar com o redesenho da semana, as métricas, a gestão de tempo e as mudanças na comunicação.

Testado em países como Reino Unido, Estados Unidos, Irlanda e Dinamarca, o projeto da semana de quatro dias teve resultados positivos, com o aumento da produtividade e da receita das empresas, além de redução do estresse, da ansiedade e do burnout dos funcionários.

No Brasil, segundo uma pesquisa, 80% dos trabalhadores sofrem com os sintomas da síndrome de burnout.

Resultados do teste no Reino Unido

• 2.900 colaboradores de 61 empresas;

• 92% das companhias continuarão com semana de quatro dias;

• 39% dos colaboradores se sentiram menos estressados;

• 71% tiveram redução dos sintomas de burnout;

• 54% acharam mais fácil conciliar a vida pessoal com a profissional;

• aumento de 1,4% na receita;

• comparando-se com período similar em anos anteriores, a receita aumentou, em média, 35%;

• o turnover foi reduzido em 57% no período em que se desenvolveu o piloto; e

• 15% dos colaboradores participantes disseram que nenhum aumento de salário os faria voltar à semana de cinco dias.

*Com Agência Estado

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