Além das aulas de inglês, futebol, natação, piano, canto e dança, os pais também estão incluindo na agenda semanal dos filhos as sessões de coaching para desenvolver habilidades sociais e de aprendizado. O treinamento — que nasceu no meio empresarial para melhorar o desempenho de funcionários e gestores — já tem versões até mesmo para crianças de dois anos.
A pedagoga Cintia Bozza, de 44 anos, procurava um "estímulo maior" para os filhos Eduardo, de sete anos, e Maria Eduarda, de cinco. Por isso, ela os matriculou há dois anos no curso de coaching da Fastrackids, empresa com método educacional criado nos Estados Unidos e que tem dez franquias no Brasil.
— A mudança maior foi com o Eduardo, que era mais tímido, e começou a ter espírito de liderança e se posicionar mais. A Maria (à época com três anos) desde bem pequenininha já se mostrava como líder.
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Liderança, confiança e pensamento crítico são parte do currículo da empresa, que tem um programa de dois anos para crianças de dois a oito anos. Ana Paula Harley, franqueadora master da rede no Brasil, falou da metodologia aplicada.
— A gente trabalha com essa idade por ser a principal janela de oportunidade cerebral. Por isso, temos um currículo superior ao das escolas, com aulas de astronomia, economia. Porque é preciso tirar a criança da zona de conforto para promover um maior desenvolvimento cerebral.
Semanal
Com mensalidades de aproximadamente R$ 210, o programa oferece, em geral, uma aula por semana. Segundo Ana Paula, a rede já tem cerca de 3.000 alunos no País.
Cintia, que também tem uma filha de 26 anos, disse que Eduardo e Maria Eduarda já mostram uma independência maior do que a irmã mais velha, que não teve a orientação do coaching.
— Ela não tinha a independência e a organização dos dois. Hoje, ela é pesquisadora (faz mestrado em sociologia), mas a muito custo. Ela só foi aprender a se organizar no nível acadêmico, não quando criança.
Objetivos
A coach Tânia Sakuma, especialista em educação infantil, explicou que, para que o treinamento seja efetivo, é preciso haver o comprometimento dos pais para entender quais objetivos podem ser alcançados e em quanto tempo.
— Cada fase tem seu desafio, assim como cada criança. Não queremos transformá-la em um prodígio, mas extrair o potencial dela para que desenvolva habilidades para viver melhor.
A analista de sistemas Ieda Cabral de Lima, de 37 anos, buscou as sessões de coaching com Tânia para os filhos Laura, de nove anos, e Henrique, de sete, quando percebeu que não conseguiria encontrar sozinha a solução para alguns obstáculos no comportamento das crianças.
— O santo de casa não iria fazer milagre. A Laura se dispersava muito fácil. Já o Henrique se preocupava muito com a irmã, apesar de ele ser o mais novo. As sessões (que eles fazem juntos) ajudaram a equilibrar essas duas situações e eu vi como poderia aplicar isso em casa também.
De acordo com a coach da empresa CrerSerMais, Roselake Leiros, um dos principais focos do treinamento é o comportamento dos pais. Segundo a especialista, a maioria das famílias que a procuram tem pais extremamente preocupados com os estímulos das crianças ou pais que deixaram a situação sair de controle e não sabem exatamente como lidar com os filhos.
Para especialistas, coaching não pode atrapalhar tempo de brincar das crianças