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Lula terá de controlar inflação e governar com oposição em novo mandato

Petista foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez; ele fala em unir o país, apesar de polarização nas urnas

Eleições 2022|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assume em 1º de janeiro de 2023 com uma série de questões a resolver. Entre os principais desafios estão o alto número de pessoas passando fome e sem emprego, uma inflação que tem diminuído o poder de compra do brasileiro e uma forte polarização entre a população causada pela política. Para contornar os problemas, terá de lidar com um Congresso Nacional que promete forte oposição.

No momento, o Brasil tem ao menos 9,5 milhões de pessoas fora da força de trabalho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O atual número de desempregados é o menor desde o último trimestre de 2015 e vem caindo desde o recorde de 14,1 milhões registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, no trimestre encerrado em setembro de 2020.

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Contudo, a taxa de desemprego, que agora é de 8,7%, está um pouco acima dos 6,7% registrados no fim de 2010, último ano do segundo mandato de Lula como presidente da República.

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No plano de governo feito para a eleição, Lula disse que, para criar oportunidades de trabalho e de emprego, a gestão dele vai propor a retomada dos investimentos em infraestrutura e em habitação e a reindustrialização nacional em novas bases tecnológicas e ambientais e estender o apoio ao cooperativismo, ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas.

Fome

Atualmente, o Brasil conta com 33,1 milhões de pessoas que sofrem com insegurança alimentar grave, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar. Quando Lula deixou a Presidência, segundo o IBGE, o índice era de 11,2 milhões.

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A alimentação do brasileiro ficou comprometida, entre outros fatores, pela escalada da inflação, que deixou os alimentos mais caros. Em 2021, o Brasil fechou o ano com uma inflação de 10,06%, a maior desde 2015. Neste ano, contudo, o índice tem caído, e o país vem de três deflações seguidas

Ao longo da campanha, o presidente eleito disse que uma das primeiras ações dele, caso vencesse o pleito, seria combater a fome. No domingo (30), após o resultado ter sido confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele renovou o compromisso.

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“Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário”, afirmou.

“Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias”, completou.

Oposição

Para conseguir aprovar propostas que reduzam o número de pessoas desocupadas e com fome, assim como de outros temas, Lula terá de entrar em acordo com o Congresso, que em 2023 terá uma quantidade significativa de deputados federais e senadores aliados ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

A coligação formada neste ano por PL, Republicanos e PP para a candidatura à reeleição de Bolsonaro elegeu 187 deputados federais e 13 senadores. Para o Senado, foram eleitos, por exemplo, os ex-ministros Rogério Marinho (PL-RN), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP) e Tereza Cristina (PP-MS), bem como o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o ex-secretário de Aquicultura e Pesca Jorge Seif (PL-SC).

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Os atuais presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), parabenizaram Lula pela vitória e disseram ser importante que o presidente eleito tenha algum nível de governabilidade. Entretanto, os parlamentares mais fiéis a Bolsonaro já anunciaram que Lula enfrentará a maior oposição da história e que não conseguirá governar o país.

De qualquer forma, após a eleição, Lula comentou que buscará um bom relacionamento com o parlamento. “Além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país. É preciso retomar o diálogo com o Legislativo e Judiciário. Sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os três poderes.”

País dividido

Outro grande desafio de Lula virá das ruas. A eleição em segundo turno deste ano registrou a menor distância entre os candidatos à Presidência da República: apenas 2,1 milhões de votos separaram Lula de Bolsonaro.

O presidente eleito começará 2023 com o desafio de conquistar a popularidade, no mínimo, de 58,2 milhões de brasileiros que votaram em Bolsonaro, mas deve encontrar resistência em virtude da polarização que toma conta da sociedade. Ciente disso, no discurso da vitória, prometeu se esforçar para unir o Brasil.

“A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação. Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio”, afirmou.

“Sei a magnitude da missão que a história me reservou, e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos. Partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, governadores, prefeitos, gente de todas as religiões. Brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno”, acrescentou.

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