Aiatolá solitário? Entenda como Israel esvaziou o circulo íntimo do líder supremo do Irã
Perda dos principais nomes da Guarda Revolucionária atingem diretamente a estrutura de poder de Khamenei
Internacional|Do R7

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, enfrenta um dos momentos mais desafiadores de seu governo após a morte de parte significativa de seu círculo íntimo em ataques aéreos de Israel. As ofensivas atingiram comandantes de alto escalão da Guarda Revolucionária, deixando o líder de 86 anos cada vez mais isolado no processo de tomada de decisão.
Desde o início dos bombardeios na última sexta-feira (13), Israel matou figuras centrais da estrutura de defesa iraniana. Entre os mortos estão Hossein Salami, comandante-geral da Guarda Revolucionária, Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, Amir Ali Hajizadeh, chefe do programa de mísseis, e Mohammad Kazemi, responsável pela espionagem iraniana. Todos eram conselheiros diretos de Khamenei e peças fundamentais no aparato militar e de segurança do país.
O grupo que assessora o líder supremo é composto por cerca de 15 a 20 pessoas, segundo o jornal israelense Jerusalém Post. Eles se reúnem de forma reservada no complexo do aiatolá em Teerã para discutir decisões estratégicas. As mortes recentes abriram lacunas que aumentam o risco de erros de cálculo, tanto na defesa quanto na estabilidade interna do Irã, segundo pessoas que participam desses encontros.
A perda dos principais nomes da Guarda Revolucionária também atinge diretamente a estrutura de poder que Khamenei consolidou desde que assumiu o comando do país em 1989. A Guarda responde diretamente ao líder supremo, independentemente do governo eleito, e controla os ramos mais bem equipados das forças armadas iranianas.
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Mesmo diante desse cenário, o aiatolá mantém o apoio de alguns conselheiros em áreas políticas, diplomáticas e econômicas. Entre eles estão seu filho Mojtaba Khamenei, que ganhou protagonismo nos últimos anos, além de Mohammad Golpayegani, chefe do gabinete, e os ex-chanceleres Ali Akbar Velayati e Kamal Kharazi. Todos continuam a exercer influência sobre decisões internas e externas do regime.
A pressão sobre Khamenei também não se limita ao território iraniano. A rede de aliados da República Islâmica sofreu perdas recentes. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto em um bombardeio israelense no ano passado e o presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi deposto por rebeldes.
O cenário ficou ainda mais tenso após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira (17). Por meio de sua conta na rede Truth Social, Trump exigiu a rendição incondicional do Irã no conflito com Israel e ameaçou diretamente o aiatolá Ali Khamenei.
O republicano disse que os Estados Unidos sabem exatamente onde o líder iraniano está escondido e que ele seria um “alvo fácil”, embora tenha afirmado que não pretende executá-lo, “pelo menos não por enquanto”.
Trump também afirmou que a paciência dos Estados Unidos está se esgotando e alertou contra qualquer ataque iraniano a civis ou soldados americanos. Em letras maiúsculas, finalizou uma das postagens com a frase “RENDIÇÃO INCONDICIONAL”.
Pouco depois, Trump se reuniu com integrantes do Conselho de Segurança Nacional na Sala de Situação da Casa Branca para discutir os rumos do conflito no Oriente Médio. A reunião começou no início da tarde e segue sem previsão de término, enquanto cresce a expectativa sobre um possível envolvimento direto dos Estados Unidos na guerra.
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