O debate sobre o controle da venda de armas, em meio à comoção causada pelo massacre de 14 de fevereiro na Flórida, segue intenso nos Estados Unidos, expondo diversas contradições.
Uma pesquisa mostra que os norte-americanos querem mais controle sobre a venda de armamentos, mas em alguns estados até mesmo deficientes visuais podem comprar armas.
Mais controle
Um levantamento feito pelo jornal USA Today mostra que a maioria dos norte-americanos quer um maior controle na venda de armas, mas acredita que o Congresso não vai tomar as medidas necessárias para isso.
Cerca de 61% dos entrevistados acreditam que tornar as leis de vendas de armas mais rígidas e aumentar as checagens de antecedentes pode ajudar a prevenir novos tiroteios em massa, e 33% discordam.
Na questão da venda de armas semi-automáticas, como o rifle AR-15 utilizado por Nikolas Cruz no massacre da Flórida, 63% defendem que esse tipo de armamento seja banido, enquanto 29% acreditam que a venda deveria continuar.
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Os entrevistados foram quase unânimes com relação à venda de armas para pessoas com problemas mentais, com 76% concordando que elas deveriam ser impedidas de fazer a compra, e apenas 12% se opõem à ideia.
No entanto, a grande maioria é pessimista com relação a resultados práticos por parte do Congresso norte-americano: 76% acham muito difícil que os políticos mudem as regras, enquanto 19% acreditam nessa possibilidade.
Vendas polêmicas
Enquanto boa parte da população sonha com medidas de maior segurança, vários estados norte-americanos seguem vendendo armas normalmente, até mesmo para pessoas com deficiências visuais.
Em Iowa, uma legislação estadual impede que funcionários da polícia neguem o porte de arma a qualquer residente, mesmo que ele apresente alguma deficiência física, incluindo visual.
Segundo o USA Today, policiais de pelo menos quatro cidades de Iowa afirmaram ter concedido o documento do porte de armas para pessoas com deficiência visual grave, mas não há números oficiais da venda.
Outros estados, como Nebraska, Missouri e Minnesota exigem que o portador de deficiência faça testes ou provas de acuidade visual antes de conceder o porte. Wisconsin e Illinois ainda estão definindo a questão.
Sorteio de armas
No estado da Carolina do Sul, um deputado estadual criou um sorteio para reforçar a política de armar os professores para evitar novos tiroteios, principal estratégia defendida pelo presidente Donald Trump.
Steven Long vai sortear três pistolas 9 milímetros entre professores, funcionários de escolas e "patriotas em geral" que se inscreverem em seu sorteio.
Na semana passada, um time infantil de beisebol foi criticado por fazer a rifa de um rifle AR-15, semelhante ao usado no massacre da Flórida.
Dezenas de estudantes americanos foram protestar em frente à Casa Branca pedindo maior controle da posse de armas. Eles querem evitar que massacres como o da Flórida se repitam. Para isso, eles também estão organizando uma série de debates sobre o tema e uma grande marcha nacional no dia 24 de março