Ataque suicida a mesquita no Afeganistão deixa dez mortos

Segundo informações, homem-bomba teria deixado outras 27 pessoas feridas na explosão, entre elas cinco crianças

17/08/2022 - 17h56 (Atualizado em 04/04/2024 - 03h02)

Pelo menos dez pessoas morreram e outras oito ficaram feridas nesta quarta-feira (17) após um suposto ataque suicida em uma mesquita de Cabul, capital do Afeganistão, durante as orações da tarde.

O ataque ocorreu na área de Sar-e-Kotel, no distrito policial 17, no norte de Cabul, por volta das 19h, segundo informou o oficial Malavi Mohammad Yasee à Agência Efe.

"De acordo com nossas informações até agora, a explosão foi causada por um homem-bomba que se sacrificou dentro da mesquita durante as orações da tarde, matando dez pessoas e ferindo mais oito", afirmou.

Outro funcionário do Talibã — que não quis mencionar seu nome — garantiu à Efe que "entre os mortos estava também o conhecido estudioso religioso Malavi Amir Mohammad".

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A ONG italiana Emergency, que conta com um dos principais hospitais de Cabul, contabilizou ainda mais vítimas da explosão. De acordo com uma mensagem postada no Twitter, pelo menos 27 pessoas foram recebidas no hospital da Emergency "após uma explosão na área do PD-17".

"Há cinco crianças entre elas, incluindo uma de 7 anos", detalha a mensagem. O principal porta-voz do governo talibã, Zabihullah Mujahid, expressou em um comunicado a condenação de seu governo "à explosão em uma mesquita".

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Nenhum grupo armado reivindicou a responsabilidade pelo ataque até agora.

Apesar do fim da guerra após a retirada das tropas internacionais e a vitória do Talibã, o Afeganistão sofreu vários ataques sangrentos desde que os islamitas chegaram ao poder, há um ano.

A maioria desses ataques foi realizada pelo grupo jihadista Estado Islâmico, que se tornou a principal ameaça à segurança no Afeganistão e mantém uma intensa rivalidade com o Talibã.

O grupo fundamentalista Talibã voltou ao poder há um ano, no dia 15 de agosto de 2021, quando ocupou a capital do Afeganistão, Cabul. Daquele dia em diante, as forças lideradas pelos Estados Unidos e aliados da Otan iniciaram o processo acelerado de retirada de suas tropas depois de 20 anos no país

*Estagiária do R7, sob supervisão de Pablo Marques

O Talibã governou o Afeganistão de 1996 a 2001. O retorno ocorreu duas décadas após a deposição do regime islâmico, acusado de acobertar a Al-Qaeda, grupo terrorista responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001

Quatro dias depois de o Talibã tomar Cabul, cartazes e fotos de mulheres que estavam em vitrines de comércios na capital afegã foram apagados ou vandalizados. Quando o grupo radical comandou o Afeganistão, os salões de beleza foram proibidos e as mulheres eram obrigadas a cobrir o corpo inteiro

A população afegã tentou fugir do país pelo aeroporto de Cabul, na capital. Milhares de pessoas tentavam uma vaga nos aviões fretados ou em aeronaves militares para escapar do novo governo do Talibã

O caos reinou no aeroporto, onde várias pessoas morreram esmagadas tentando chegar à pista em meio à retirada apressada das forças internacionais. Estrangeiros e afegãos que contribuíram com os governos americanos e europeus embarcaram em aviões superlotados para fugir das consequências do retorno do Talibã ao poder

No meio de uma multidão caótica e apavorada, um menino de apenas 2 meses foi entregue pelo pai, que temia que ele fosse esmagado, a um soldado estrangeiro. A cena chocou o mundo pela atitude desesperada da família para tentar salvar a vida da criança. O reencontro dos pais com o filho ocorreria só cinco meses depois

Durante o período de retirada, um atentado terrorista matou ao menos 85 pessoas, inclusive 13 soldados americanos, em uma das entradas do aeroporto. Dias depois, um ataque americano com drone matou dez pessoas da mesma família, sete delas crianças, em uma casa próxima ao local

No fim, mais de 100 mil pessoas, entre civis, pessoal diplomático e militares, afegãos, americanos e membros de países aliados, deixaram o país em centenas de voos, no que foi considerada a maior retirada da história

O processo de retirada das tropas americanas foi concluído em 30 de agosto. O general Chris Donahue foi o último a deixar o Afeganistão, e uma foto registrou o momento em que ele pisa com o pé direito no avião C-17

Antes de deixarem o Afeganistão, porém, os Estados Unidos destruíram 73 aeronaves e abandonaram 70 veículos blindados e resistentes a minas terrestres, além de helicópteros e munição

Em setembro, foi apresentado um novo governo interino com personalidades conhecidas pela linha dura em todos os cargos e sem mulheres. O Talibã também restabeleceu o Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício para impor sua interpretação austera do Islã. As ações provocaram protestos em Cabul e Herat, onde duas pessoas foram mortas a tiros

Outra disputa se dá em torno da mudança da bandeira do Afeganistão, pois, enquanto o Talibã hasteou seu símbolo por todo o país, a população afegã reagiu com protestos carregando a versão tricolor

O grupo fundamentalista Talibã voltou ao poder há um ano, no dia 15 de agosto de 2021, quando ocupou a capital do Afeganistão, Cabul. Daquele dia em diante, as forças lideradas pelos Estados Unidos e aliados da Otan iniciaram o processo acelerado de re...