Brasil é 19º entre países que lutam contra aquecimento global
Energias renováveis beneficiam País, mas políticas públicas deixam a desejar
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
O Brasil é o 19º colocado na lista dos países que mais previnem os impactos trazidos pelas mudanças climáticas. É o que dizem os resultados do Índice de Desempenho na Mudança Climática (CCPI, na sigla em inglês) divulgados na última quarta-feira (15). O ranking, elaborado há 13 anos pela ONG ambiental alemã Germanwatch e pela rede Climate Action Network, classifica 56 nações do mundo e a União Europeia de acordo com as medidas dos governos para temas como emissão de gases-estufa, desenvolvimento de energias renováveis e políticas para o clima.
Em entrevista ao R7, a alemã Franziska Marten, consultora de políticas relativas à mudança climática da Germanwatch e uma das autoras da pesquisa, explica que o posicionamento do Brasil — que lidera o grupo de países de médio desempenho — se deve ao alto uso da energia hidrelétrica pelo País. A fonte é renovável e não emite poluentes, mas a nação tem muito caminho pela frente quando o assunto são as políticas públicas para a mudança do clima.
— O País regrediu seus esforços para implantar mais energia solar e eólica. Além disso, experts afirmam que sinais promissores de redução do desmatamento foram comprometidos nos últimos dois anos, quando o governo voltou atrás em medidas que atingiam o setor.
Franziska ainda reforça que nenhuma nação fez o suficiente em 2017 para se colocar em um dos três primeiros lugares do ranking da CCPI — motivo pelo qual a Suécia, a mais bem colocada, aparece apenas na quarta colocação.
— Isso significa que nenhuma nação está em vias de implementar energias completamente renováveis até 2030 ou conseguirá reduzir o aquecimento global em pelo menos de 2 °C em relação à era pré-industrial. Tudo isso levando em conta os níveis de emissão de gases do efeito estufa atualmente.
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O CCPI reforça que a Suécia apresentou uma queda nas emissões de poluentes e tem uma alta porcentagem de fontes renováveis em sua matriz energética, mas continua sem estabelecer um prazo para banir a energia nuclear e os combustíveis fósseis.
O Marrocos, que conquistou a sexta posição no ranking, despontou como um exemplo positivo. Os marroquinos são referência no que diz respeito às políticas públicas para baixa emissão de poluentes. O CCPI ressalta que a nação implementou diferentes estabelecimentos para a geração de energia renovável nos últimos cinco anos.
— A meta do Marrocos para a emissão de gases estufas e a implementação de energias renováveis até 2030 é alta, então nós já esperávamos que o país estivesse em um dos primeiros lugares da lista. A surpresa foi o bom desempenho de nações escandinavas como Noruega (7º lugar) e Finlândia (9º lugar), que contam com altas parcelas de fontes renováveis em suas matrizes energéticas e já veem os benefícios da implementação de políticas que reduzem a emissão de gases-estufa até 2030.
Nas últimas colocações, figuram países como Arábia Saudita, Coreia do Sul e Austrália — que, de acordo com Franziska, são considerados “suspeitos habituais”. “Junto deles vem os Estados Unidos, em queda livre no ranking após sair do Acordo de Paris e poucas políticas públicas para a redução de emissão dos gases de efeito estufa”, conclui a consultora da Germanwatch.