Como a Índia tenta escapar da ‘arma tarifária’ de Trump apontada para o Brics
Nova Déli tenta se posicionar como elo de equilíbrio entre os membros do bloco mais críticos aos EUA
Internacional|Do R7

Enquanto o Brasil trava um embate tarifário com os Estados Unidos, a Índia adota uma postura cautelosa para evitar sanções semelhantes do presidente americano, Donald Trump. Embora faça parte do Brics, grupo que o republicano acusa de minar o domínio global do dólar, o governo indiano tenta se distanciar publicamente das pautas mais ácidas adotadas por outros membros do bloco.
Fontes ouvidas pela Bloomberg informaram que a Índia não apoia a criação de uma moeda comum entre os países do Brics e nega qualquer intenção de enfraquecer o papel do dólar como referência global. O país justifica o uso de moedas locais em acordos bilaterais como uma forma de mitigar riscos cambiais, não como parte de uma estratégia de desdolarização.
A postura contrasta com a adotada por Brasil e África do Sul. Ambos criticaram publicamente as falas de Trump contra o grupo, especialmente após a reunião do Brics no Rio de Janeiro, encerrada com um comunicado conjunto que questiona as tarifas comerciais adotadas por Washington.
Em resposta, o presidente americano implementou uma nova rodada de tarifas, incluindo uma taxa de 50% sobre o Brasil, uma das mais altas aplicadas pelo republicano na segunda passagem pela Casa Branca.
A Índia, no entanto, evitou comentários públicos sobre as ameaças de Trump. Em entrevista coletiva, o diplomata indiano P. Kumaran afirmou que o primeiro-ministro Narendra Modi e o presidente Lula não discutiram o tema durante a visita de Estado ao Brasil.
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Segundo autoridades indianas, o país segue atento às movimentações de Trump, mas não vê motivo imediato para preocupação. A avaliação é que a neutralidade cambial e o valor estratégico da Índia como contrapeso regional à China ajudam a blindar Nova Déli de retaliações mais duras.
Para analistas como Mohan Kumar, ex-diplomata indiano e negociador na Organização Mundial do Comércio, a Índia busca se diferenciar dentro do bloco. Ele afirma que o país sempre tratou o comércio em moeda local como questão técnica, sem ligação com uma agenda antiamericana.
Com previsão de assumir a presidência rotativa do Brics em 2026, a Índia tenta se posicionar como elo de equilíbrio entre os interesses dos membros mais críticos aos Estados Unidos, como China, Rússia e Irã.
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