Como escândalo de corrupção desgasta Milei nas redes e mina capital político do presidente
Pressão nas ruas e no ambiente virtual revela mudanças na base de apoio do governo; líder argentino nega irregularidades
Internacional|Do R7
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O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta um momento de desgaste político em meio a um escândalo de corrupção que atinge a irmã do presidente, Karina Milei, e a protestos que colocaram a segurança do líder argentino em risco. O episódio conhecido como “Karinagate”, desencadeado por áudios do ex-diretor da Agência Nacional de Deficiência (Andis), Diego Spagnuolo, que citam supostos pagamentos de propinas envolvendo a cúpula do governo, ganhou força nas redes sociais e impulsionou uma onda de críticas ao presidente. Segundo levantamento da consultoria Enter Comunicação, desde a revelação do caso, 1,7 milhão de internautas comentaram o tema, sendo a maioria em tom negativo.
O reflexo da rejeição já se fez sentir nas ruas. Na quarta-feira (27), Milei foi alvo de protestos durante uma carreata em Lomas de Zamora, quando pedras e garrafas foram lançadas contra a caminhonete em que estavam o presidente, Karina e o candidato ao senado José Luis Espert.
Imagens do incidente mostram pedras passando a poucos centímetros de Javier Milei, além do caos instaurado após o arremesso dos objetos. O Ministério da Segurança informou ter identificado os responsáveis pelo ataque:
- Diego Martin Paz, ligado à torcida dissidente do Arsenal de Sarandí;
- Thiago Florentín, membro do Movimento Teresa Rodríguez e único detido até o momento;
- e José Marcelino Dabrowsky, do grupo HIJOS, acusado de tentar bloquear a passagem do comboio.
O juiz federal Luis Armella ordenou a análise das câmeras de segurança ao longo da rota para aprofundar a investigação.
As manifestações de rua e o aumento da pressão virtual revelam uma mudança de tendência na base de apoio do governo. Analistas afirmam que, após o escândalo da criptomoeda Libra, promovida por Milei no início do ano, cresceu a decepção entre parte dos eleitores que apostaram no presidente nas eleições de 2023.
Nas redes, Karina Milei foi a figura mais citada nos últimos dias, com mais de 565 mil menções, enquanto Javier Milei apareceu em segundo lugar, com cerca de 528 mil menções. A avaliação é que o episódio derrubou uma das principais bandeiras de Milei na campanha presidencial: o discurso contra a corrupção e a chamada “casta política”.
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O presidente tem se defendido publicamente das acusações de corrupção. Durante participação no Conselho Interamericano de Comércio e Produção, em Buenos Aires, Milei classificou os supostos pagamentos indevidos como uma armação. “A armação desta semana não é nada mais do que mais um item na longa lista de artifícios da casta; uma nova mentira”, afirmou.
No discurso, pediu rapidez da Justiça para esclarecer os fatos e criticou o que considera manobras da elite política para frear as mudanças propostas por seu governo. “Como o povo votou em um governo que veio acabar com todas as falcatruas e privilégios, a resposta deles é gerar pânico e caos entre as pessoas; infiltrar, difamar, tentar qualquer manobra que atrapalhe o processo de mudanças que estamos levando adiante.”
Milei também voltou a direcionar críticas ao parlamento argentino, que, segundo ele, está “sequestrado pelo pior da classe política do país”. Para o presidente, a tentativa de barrar o superávit fiscal, definido como “a pedra angular” de seu projeto econômico, é uma demonstração de que os parlamentares querem “derrubar o governo eleito por 56% dos argentinos”. Milei ainda afirmou que irá vetar qualquer proposta que aumente gastos públicos e, se necessário, irá recorrer ao Judiciário para manter o ajuste.
Paralelamente à crise política, Milei intensifica medidas de contenção econômica. Com a eleição legislativa de 7 de setembro na província de Buenos Aires e as nacionais de outubro se aproximando, o governo reforçou a defesa do peso em meio a um novo leilão de dívida local, que busca refinanciar cerca de 9 trilhões de pesos (US$ 6,6 bilhões).
Para garantir a adesão, o Banco Central obrigou bancos comerciais a manter uma fatia maior dos depósitos sob custódia da autoridade monetária, forçando-os a comprar títulos do governo. A estratégia ajudou a segurar a moeda, que chegou a se valorizar 1% após quatro dias de queda, mas elevou os rendimentos das notas locais a patamares recordes, acima de 90%.
O cálculo político é evidente: conter a inflação, considerada a principal preocupação dos argentinos, antes do pleito legislativo. Para analistas, as medidas dão fôlego momentâneo ao peso, mas impõem custos altos à atividade econômica. Enquanto isso, a popularidade de Milei segue em queda, pressionada pelo avanço das denúncias de corrupção e pela reação popular tanto no ambiente virtual quanto nas ruas.
Perguntas e Respostas
Qual é a situação política atual do presidente Javier Milei na Argentina?
O presidente Javier Milei enfrenta um desgaste político devido a um escândalo de corrupção que envolve sua irmã, Karina Milei, e a realização de protestos que ameaçam sua segurança. O caso, conhecido como "Karinagate", foi desencadeado por áudios que mencionam supostos pagamentos de propinas envolvendo membros do governo, gerando uma onda de críticas nas redes sociais.
Como as redes sociais estão reagindo ao escândalo?
Desde a revelação do escândalo, aproximadamente 1,7 milhão de internautas comentaram sobre o tema, com a maioria das menções sendo negativas. Karina Milei foi a figura mais citada, com mais de 565 mil menções, enquanto Javier Milei teve cerca de 528 mil menções. O episódio afetou a imagem de Milei, que sempre se posicionou contra a corrupção.
Quais foram as consequências dos protestos nas ruas?
Na quarta-feira (28), durante uma carreata em Lomas de Zamora, Javier Milei e sua comitiva foram alvo de protestos, onde pedras e garrafas foram lançadas contra eles. O Ministério da Segurança identificou alguns dos responsáveis pelo ataque e um juiz federal ordenou a análise das câmeras de segurança para investigar o incidente.
Como Javier Milei está se defendendo das acusações?
Milei se defendeu publicamente, classificando as acusações de corrupção como uma armação e pediu agilidade da Justiça para esclarecer os fatos. Ele criticou as manobras da elite política que, segundo ele, tentam impedir as mudanças propostas por seu governo.
Quais são as medidas econômicas que Milei está implementando?
Em meio à crise política, Milei intensificou medidas de contenção econômica, buscando estabilizar o peso argentino antes das eleições legislativas. O Banco Central obrigou bancos a manter uma maior parte dos depósitos sob sua custódia, o que ajudou a valorizar a moeda, mas também elevou os rendimentos das notas locais a níveis recordes.
Qual é a avaliação dos analistas sobre a situação atual?
Analistas afirmam que as medidas econômicas podem oferecer um alívio temporário ao peso, mas impõem altos custos à atividade econômica. A popularidade de Milei continua em queda, pressionada pelas denúncias de corrupção e pela reação popular nas redes sociais e nas ruas.
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