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Como Ucrânia utiliza ímãs para salvar soldados feridos na guerra contra a Rússia

Dispositivo magnético desenvolvido por voluntários tem permitido a retirada de estilhaços de forma mais rápida e menos invasiva

Internacional|Do R7

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Médicos tratam soldado ucraniano ferido na região de Donetsk Reprodução/X/@KyivIndependent

Na linha de frente da guerra entre Ucrânia e Rússia, um instrumento simples está fazendo a diferença: um ímã. Isso porque os militares têm utilizado a peça como um extrator magnético para remover fragmentos de metal do corpo de soldados feridos.

Desenvolvido por médicos militares e voluntários, o dispositivo tem sido crucial para salvar vidas, especialmente em casos de traumas causados por explosivos e drones, que se tornaram muito comuns no conflito.


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O extrator magnético permite retirar estilhaços metálicos sem a necessidade de cirurgias complexas. Com uma pequena incisão, o dispositivo usa a força de ímãs para atrair fragmentos, reduzindo o risco de complicações e acelerando o atendimento.

A ferramenta já foi utilizada com sucesso em mais de 70 cirurgias cardíacas, disseram autoridades ucranianas à rede britânica BBC.


Um dos soldados salvos pela operação foi Serhiy Melnyk. Atingido por um estilhaço que perfurou seu pulmão, rim e se alojou no coração, ele quase não percebeu a gravidade do ferimento.

“Pensei que era só falta de ar por causa do colete à prova de balas”, relatou à BBC. Graças ao extrator, os médicos conseguiram remover o fragmento com precisão, e ele foi salvo. “Foi por pouco. Tive muita sorte”, disse.


Como funciona o extrator magnético

O cirurgião cardiovascular Serhiy Maksymenko disse que o dispositivo funciona de maneira tão simples quanto aparenta: trata-se de uma ferramenta fina, parecida com uma caneta, que é equipada com uma ponta magnética.

“Não precisamos de grandes cortes. Uma pequena incisão é suficiente para o ímã atrair o fragmento”, explicou Maksymenko à BBC.


A técnica é particularmente útil em um cenário onde até 80% dos ferimentos no campo de batalha são causados por estilhaços, que podem ser fatais se não forem removidos rapidamente.

O dispositivo permite intervenções menos invasivas, muitas vezes apenas passando o ímã sobre a pele para aproximar o fragmento da superfície antes de extraí-lo, segundo as autoridades.

Origem da inovação

A ideia do extrator surgiu da necessidade urgente de tratar feridos no front. Oleh Bykov, ex-advogado e voluntário desde 2014, foi um dos responsáveis por transformar o conceito em realidade.

Após conversas com médicos militares, ele desenvolveu diferentes modelos do dispositivo, incluindo versões flexíveis para o abdômen, microextratores para tecidos delicados e ímãs mais potentes para fragmentos em ossos.

Embora o uso de ímãs em cirurgias remonte à Guerra da Crimeia, no século 19, a equipe de Oleh modernizou a técnica, criando ferramentas adaptadas às demandas do campo de batalha atual.

Hoje, o extrator magnético tornou-se indispensável em hospitais e postos médicos da Ucrânia, com cerca de 3.000 unidades distribuídas.

Apesar de não ter certificação oficial, o equipamento é permitido pelo Ministério da Saúde da Ucrânia em situações excepcionais, como a lei marcial vigente. “Se salvar vidas for um crime, que me prendam junto com os médicos que usam o aparelho”, afirmou Oleh.

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