Coreia do Norte enganou mais de cem empresas para financiar programa de armas, dizem EUA
Trabalhadores norte-coreanos usaram identidades falsas para obter empregos remotos em companhias norte-americanas
Internacional|Do R7
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos detalhou na segunda-feira (30) uma operação sofisticada da Coreia do Norte que enganou mais de 100 empresas norte-americanas para financiar o programa de armas do país asiático.
De forma organizada, trabalhadores de TI (tecnologia da informação) norte-coreanos, utilizando identidades falsas ou roubadas, conseguiram empregos remotos em empresas dos EUA, gerando milhões de dólares que foram desviados para o regime de Pyongyang.
As informações, divulgadas em um comunicado oficial do Departamento de Justiça, expõem uma rede criminosa que é acusada pelos EUA de roubo de dados confidenciais, lavagem de dinheiro e até acesso a tecnologias militares sensíveis.
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Como funcionava o esquema?
O esquema era engenhoso e contava com a colaboração de cúmplices nos Estados Unidos, China, Emirados Árabes Unidos e Taiwan, de acordo com as autoridades norte-americanas.
Os trabalhadores norte-coreanos se passavam por profissionais de TI baseados nos EUA, mas, na verdade, operavam a partir da Coreia do Norte ou da China.
Para enganar as empresas, eles usavam:
- Identidades roubadas ou falsas: mais de 80 identidades de cidadãos norte-americanos foram comprometidas para criar currículos e perfis falsos;
- Empresas de fachada: facilitadores nos EUA criaram companhias fictícias, como Hopana Tech LLC e Tony WKJ LLC, com sites fraudulentos que davam a impressão de legitimidade;
- Fazendas de laptops: residências nos Estados Unidos hospedavam laptops fornecidos pelas empresas norte-americanas enganadas, que eram acessados remotamente por trabalhadores de TI norte-coreanos para realizar trabalhos e roubar dados; e
- Lavagem de dinheiro: os salários pagos pelas empresas eram transferidos para contas controladas pelos conspiradores, que enviavam os fundos para o regime norte-coreano.
Ações do governo
O FBI e outros órgãos norte-americanos realizaram buscas em 29 “fazendas de laptops” em 16 estados, apreenderam 137 computadores, 29 contas financeiras e 21 sites fraudulentos entre os dias 10 e 17 de junho, segundo o Departamento de Justiça.
Duas acusações criminais foram anunciadas na segunda-feira. No Distrito de Massachusetts, o cidadão norte-americano Zhenxing “Danny” Wang, de Nova Jersey, foi preso por liderar um esquema que gerou mais de US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões). Cúmplices, incluindo seis cidadãos chineses e dois taiwaneses, também foram acusados.
No Distrito Norte da Geórgia, quatro norte-coreanos foram indiciados por roubar US$ 900 mil (R$ 4,9 milhões) em moedas virtuais de empresas de blockchain, usando identidades falsas para acessar e manipular contratos inteligentes.
“Esses esquemas são projetados para escapar de sanções e financiar os programas ilícitos da Coreia do Norte, incluindo suas armas”, afirmou John A. Eisenberg, procurador-geral adjunto da Divisão de Segurança Nacional.
Impactos e alertas
Além de financiar o regime norte-coreano, os esquemas causaram prejuízos de pelo menos US$ 3 milhões (cerca de R$ 16 milhões) às empresas norte-americanas, incluindo custos advocatícios e recuperação de redes.
O FBI estima que milhares de agentes cibernéticos norte-coreanos estejam infiltrados no mercado global de trabalho remoto, gerando centenas de milhões de dólares anuais para Pyongyang.
O Departamento de Estado dos EUA oferece recompensas de até US$ 5 milhões por informações que ajudem a interromper essas atividades ilícitas.
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