Egito garante que preso político em greve de fome há sete meses está com 'boa saúde'
ONG dos direitos humanos e familiares denunciam que Alaa Abdel Fattah estaria sendo alimentado à força
Internacional|Do R7
A procuradoria do Egito garantiu na última quinta-feira (10) que o preso político anglo-egípcio Alaa Abdel Fattah, que está em greve de fome há sete meses, tinha de “boa saúde”, enquanto os Estados Unidos manifestaram “profunda preocupação” com a situação do dissidente.
O ativista de 40 anos, que está em uma prisão próxima ao Cairo, “não precisa ser transferido para um hospital”, afirmou a promotoria, especificando em um comunicado que “todos os sinais vitais” do prisioneiro “estavam normais” e que ele se encontrava em “boa saúde”.
Horas antes, a autoridade penitenciária havia informado aos familiares de Abdel Fattah que ele estava “sob tratamento médico”, sem dar mais detalhes.
Para Hossam Bahgat, fundador da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais, a maior ONG de direitos humanos do país, isso "significa que está sendo alimentado à força".
Os Estados Unidos, por sua vez, expressaram sua “profunda preocupação” em relação ao detido e pediram sua libertação, segundo Jake Sullivan, assessor de segurança nacional do presidente americano, Joe Biden.
Biden tem programado para esta sexta-feira (11) um encontro com seu contraparte egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, em Sharm el-Sheikh, onde se realiza a cúpula da ONU sobre o clima, a COP27.
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Durante a conferência, que começou no domingo, vários líderes ocidentais incentivaram o presidente do Egito a libertar o ativista.
Ferrenho inimigo do regime de Al-Sisi, ele passou meses ingerindo "100 calorias por dia, ou seja, uma colher de mel e um pouco de leite no chá", segundo familiares.
Sem acesso
Há uma semana, Abdel Fattah parou de comer completamente e, no último domingo (6), parou de ingerir líquidos. Desde então, a mãe dele, Laila Sueif, visita todo dia a prisão de Wadi Natrun, mas sem conseguir notícias.
O advogado do ativista afirmou que a prisão lhe negou o acesso ao local onde Fattah está detido, apesar de ter uma autorização do Ministério do Interior.
"É necessário que nossa mãe ou um representante da embaixada britânica possa vê-lo para que saibamos em que estado de saúde se encontra realmente", escreveu sua irmã, Mona Seif, no Twitter.
No início da semana, a tia dele, a célebre escritora Ahdaf Sueif, disse haver "rumores de que ele está sedado e sendo alimentado à força".
Ahdaf Sueif pediu, em mensagem no Twitter, que ele seja "transferido urgentemente para o hospital universitário de Qasr al-Aini", principal estabelecimento público de saúde no Cairo, para que "outros representantes, além dos de Estado, possam vê-lo, assim como os advogados, ou um representante da embaixada britânica".
Mobilização aumenta
Enquanto os defensores de Fattah dão-lhe apenas alguns dias de vida — a menos que seja alimentado à força, o que o direito internacional considera como "tortura" e até "crime contra a humanidade" — , a mobilização se acentua.
Nesta quinta, centenas de participantes da COP27 vestidos de branco, como os presos egípcios, gritaram “liberdade para todos!”, em referência aos mais de 60 mil presos políticos do Egito, de acordo com dados de ONGs.
Ante a mobilização internacional, a contracampanha se organiza. Um deputado entrou em confronto com Sanaa Seif, a outra irmã de Alaa Abdel Fattah, na cúpula, antes de ser expulso pela segurança da ONU.
A representação egípcia em Genebra protestou contra as Nações Unidas, que denunciou, por sua vez, "julgamentos injustos" e "prisões arbitrárias" no país.
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