El Chapo planejou usar petroleiros para transportar cocaína
Segundo testemunha, o esquema não chegou a ser utilizado, mas reuniões de planejamento tiveram presença de executivo de estatal mexicana
Internacional|Fábio Fleury, do R7
O traficante colombiano Jorge Cifuentes voltou a depôr nesta quarta-feira (12) no julgamento do chefão mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán e contou sobre um esquema ousado de transporte de drogas que nunca chegou a ser implementado.
Segundo ele, Chapo pretendia usar navios petroleiros da companhia estatal de petróleo do México, a Pemex (Petróleos de México), para trazer cocaína do Equador para seu país. Outros métodos, como barcos de pesca e pequenos navios, já estavam sob a mira das autoridades.
Cifuentes contou que, em 2007, a cúpula do cartel de Sinaloa chegou a se reunir com executivos da empresa, para acertar como seria o esquema. Os petroleiros, no entanto, nunca chegaram a ser utilizados.
Esquemas mirabolantes
No depoimento, o colombiano também falou de outros esquemas mirabolantes criados não só por Chapo e seus comandados para conseguir fazer o transporte de drogas, quanto pelo cartel para o qual trabalhava no início, o Norte do Vale, liderado pelo megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía.
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A ousadia da organização era tamanha que eles subornaram homens do exército do Equador, que transportavam cocaína da fronteira com a Colômbia até cidades como Guayaquil e Quito em caminhões das forças armadas.
"Caminhões do exército nunca são revistados, por isso não corríamos o risco de perder a cocaína", disse Cifuentes no tribunal. Ele disse que também pagava propina a pessoas da marinha equatoriana, para ser informado sobre a movimentação de navios dos EUA perto da costa.
Histórias pessoais
Cifuentes também contou pequenos episódios sobre seu convívio com Guzmán. Ele disse que uma vez, enquanto estavam conversando na propriedade de Chapo nas montanhas de Sinaloa, houve uma explosão e todos se jogaram no chão.
Por fim, descobriram que o barulho vinha da explosão de um dos laboratórios de metanfetamina do cartel, que ficava escondido na floresta.
Ele também disse que costumava fumar cigarros feitos com a maconha que o cartel vendia. Uma vez, ele ofereceu uma tragada a Chapo, que aceitou. O chefão, no entanto, disse que a droga "não fazia efeito" para ele.
A parceria entre eles terminou depois que um carregamento de 8 toneladas de cocaína foi apreendido pelo exército do Equador. Cifuentes se afastou porque temia ser morto por Chapo.
Assassino fracassado
O colombiano também dividiu com os jurados a história bizarra de um plano mal-sucedido de assassinato. Segundo ele, isso aconteceu da primeira vez que ele foi preso, aos 18 anos, na década de 1980.
O cartel queria que ele matasse outro homem que estava na cadeia. Entre uma faca, uma arma, uma granada e veneno, ele escolheu a última opção. Ele envenenou uma arepa, espécie de pão de milho muito comum na Colômbia, que seu alvo pegou durante o almoço.
A tentativa deu errado. O homem que Cifuentes pretendia matar pegou duas arepas para comer e só consumiu a que não estava envenenada. O traficante decidiu usar a granada na próxima tentativa.
Alguns dias depois, ele jogou a granada para dentro da cela onde estava o homem, mas o artefato rolou para debaixo da cama, que era feita de concreto. A explosão não matou o homem, que foi apenas ferido com um pedaço de cimento que o atingiu na perna.