‘Ele não está morto, ele está no quarto’, diz menino sobre amigo Ariel Bibas
Ariel foi sequestrado pelo Hamas em outubro de 2023, com seu irmão de nove meses e sua mãe
Internacional|Do R7

Durante um comício realizado no sábado (22) em Kiryat Gat, cidade no sul de Israel, Yamit Avital emocionou a plateia ao relatar a dor de seu filho, Yoav Avital, de 5 anos, pela perda de seu amigo Ariel Bibas, de 4 anos. O evento reuniu moradores do Kibutz Nir Oz, um dos locais atacados durante o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Ariel, seu irmão Kfir, de apenas nove meses, e sua mãe, Shiri, foram sequestrados por terroristas do Hamas e levados para a Faixa de Gaza. O pai das crianças, Yarden Bibas, foi capturado separadamente e permaneceu em cativeiro até ser libertado no dia 1º de fevereiro, como parte do acordo de cessar-fogo.
Os corpos de Kfir e Ariel foram entregues pelo Hamas no dia 20 de fevereiro. Dois dias depois, os restos mortais de Shiri Bibas também foram devolvidos.
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Dias após os ataques
Depois da invasão do Hamas, os sobreviventes do Kibutz Nir Oz e do Kibutz Kerem Shalom se reuniram em um hotel em Eilat, onde estavam abrigados desde a evacuação, para um evento com o cantor Avraham Tal. Yamit Avital lembrou que, naquela ocasião, fotos dos reféns foram distribuídas, mas ninguém sabia exatamente quem estava vivo ou morto.
Yamit relatou que seu marido segurava uma foto de Ariel quando Yoav, então com 5 anos, viu a imagem e disse: “Ele não é mais meu amigo. Ele está morto.”
Pouco depois, o menino gritou, segundo Yoav: “Ariel não está morto! Ele está vivo! Ele está no quarto dele, e você simplesmente não sabe qual é o número do quarto”.
Troca de reféns
Quando começaram as trocas de reféns em novembro de 2023, Yoav passou a perguntar repetidamente quando seria a vez de Ariel e Kfir voltarem para casa. Meses depois, ao ouvir a mãe falar sobre Ohad Yahalomi — um amigo da família que também foi sequestrado —, o menino a questionou: “Por que você não mencionou Ariel? Ele ainda não voltou, você devia ter falado dele também.”
A criança, segundo a mãe, tentava manter viva a esperança de reencontrar o amigo. Ele pedia à Yamit que escrevesse cartas para Ariel e insistia que sua professora do jardim de infância guardasse uma para entregar quando ele retornasse.
Na carta, ele ditou o que queria escrever para a mãe: “Quero desenhar o Batman para você, junto com todos os heróis voadores, para que você sinta vontade de voar sobre Gaza e lutar contra os bandidos com um arco e flecha. Então você voltará para nós e estará conosco no jardim de infância. Espero que você compre alguns doces e uma capa. Sinto sua falta.”
Com o passar do tempo, ao perceber que Ariel não voltava, Yoav pediu para enviar uma mensagem pelo rádio, na esperança de que seu amigo ouvisse e encontrasse forças para retornar. Ele também perguntava à mãe se Ariel e Kfir tinham um parquinho em Gaza e se podiam brincar na areia, como faziam no kibutz.
No ano passado, o menino decidiu guardar uma fantasia de Batman para Ariel. Quando percebeu que o amigo não voltaria, vestiu o traje e disse que voaria para salvá-lo.
Nas últimas semanas, com as negociações para novas trocas de reféns, Yoav voltou a demonstrar esperança. Quando soube que alguns dos sequestrados estavam mortos, perguntou: “Então Ariel está morto? Ele não vai voltar?” Ao ouvir a mãe responder que não sabia, o menino chorou e disse: “Meu coração dói. Está pesado. Não consigo parar de pensar nele.”
Ariel e Kfir Bibas tornaram-se símbolos do massacre de 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e sequestrando 251. Imagens divulgadas mostraram Shiri Bibas aterrorizada, segurando seus filhos pequenos, enquanto homens armados a cercavam.
Os corpos dos irmãos foram entregues pelo Hamas em 20 de fevereiro, junto com os restos mortais de uma mulher que o grupo terrorista alegou ser Shiri Bibas. No entanto, apenas dois dias depois, o corpo real de Shiri foi devolvido.
Na sexta-feira (21), as Forças de Defesa de Israel confirmaram que Ariel e Kfir foram assassinados “com as próprias mãos” pelos terroristas do Hamas, semanas após o sequestro. No sábado (22), Israel anunciou que Shiri Bibas também foi brutalmente assassinada junto com seus filhos.