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Na Faixa de Gaza, bombas israelenses incendeiam o céu e lotam necrotérios

Ataques lançados incessantemente desde 7 de outubro resultaram na morte de ao menos 10.000 palestinos no enclave

Internacional|Do R7

Pessoas reúnem-se em torno de corpos em Gaza
Pessoas reúnem-se em torno de corpos em Gaza

Durante toda a noite, as bombas israelenses iluminaram o céu de vermelho e amarelo e encheram de cadáveres o necrotério do hospital de Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza.

Seu diretor, Iyad al-Jabri, informou nesta segunda-feira (6) que 58 corpos foram identificados, sem contar as "dezenas de mulheres e crianças" que, segundo ele, ainda estão sob os escombros.

Na noite de domingo, o céu sobre a Faixa ficou iluminado, sem trégua, pelas luzes de fogo, amarelas e vermelhas. O Exército israelense anunciou ter lançado ataques "intensivos" e advertiu que durariam "vários dias".

Mohamed Mechmech, de 54 anos, perdeu vários membros de sua família nos incessantes ataques aéreos israelenses.


"É uma campanha feroz. Os ataques aumentaram, e as vítimas são mulheres e crianças, são apenas civis", disse à AFP.

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O Ministério da Saúde do Hamas em Gaza anunciou, nesta segunda-feira, pelo menos 200 mortos apenas no norte da Faixa de Gaza durante a noite.

Desde o ataque do Hamas — que matou mais de 1.400 pessoas em solo israelense em 7 de outubro, a maioria delas civis, no mesmo dia do ataque, segundo as autoridades —, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza em represália, com o objetivo declarado de "aniquilar o Hamas", no poder neste território palestino.

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Estes ataques mataram mais de 10.000 pessoas, segundo o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas, e pelo menos 42% das casas foram danificadas, ou destruídas, nesse pequeno enclave, segundo a ONU.

"Não esperávamos isso. As comunicações foram cortadas", afirmou Mechmech.

Na noite de domingo (5), pela terceira vez desde o início da guerra entre Israel, os 2,4 milhões de moradores da Faixa passaram a noite isolados do mundo. E sem a possibilidade de telefonar, ou escrever, para seus familiares para saber se estavam bem.

Como um terremoto

Mohammed Mechmech, que recentemente deixou o acampamento de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa, soube da morte de seus parentes apenas "às seis da manhã".

E, quando as bombas atingiram o bairro de Al-Machaala, em Deir el-Balah (centro), seu primo Mahmud Radwane Mechmech não conseguiu ligar para chamar ambulâncias.

"Tivemos que enviar alguém de carro para transportar os primeiros mortos para o necrotério e avisar as ambulâncias para que pudessem recuperar os corpos", contou o primo, de 47 anos.

"São massacres! Destruíram três casas em cima das cabeças dos seus habitantes, mulheres e crianças", denuncia, acrescentando que "havia mais de 60 pessoas nessas casas e já retiramos 40 corpos dos escombros".

Quando as três bombas atingiram as casas "foi como um terremoto", diz ele, "uma explosão absolutamente enorme".

Já Mohamed Abu Laila achou que estaria a salvo no centro da Faixa de Gaza.

Há 20 dias, esse palestino de 34 anos partiu com a família de Al-Saftawi, ao norte da Cidade de Gaza, depois de o Exército israelense ter ordenado que 1,1 milhão de habitantes de Gaza partissem para o sul, garantindo que essa área seria "mais segura" para a população civil.

Mas, por volta das 23h, no acampamento de Nuseirat, onde ele se instalou com a família na casa de sua tia, "sentimos o bombardeio e nos encontramos sob os escombros", relatou.

"Éramos 120 em casa, muitos morreram, ou ficaram feridos", continuou. "Já fizemos a oração dos mortos por cerca de 50 falecidos", completou.

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