Entenda plano de autoridades para retirar aiatolá Khamenei como líder supremo do Irã
Crise após ataques americanos impulsiona conspiração para substituir o líder e mudar rota política do país
Internacional|Do R7

Após os recentes ataques dos Estados Unidos a instalações iranianas, o debate sobre o futuro do Irã e a permanência do aiatolá Ali Khamenei no poder se tornou mais aberto e intenso em Teerã.
Fontes iranianas ouvidas pela revista The Atlantic revelaram a existência de um grupo formado por empresários, militares, políticos e familiares de clérigos influentes que planejam uma transição de liderança, com o objetivo de afastar Khamenei, que tem hoje 86 anos.
LEIA MAIS:
A Constituição iraniana determina que a Assembleia dos Especialistas, composta por 88 clérigos, deve votar para destituir o líder supremo. No entanto, as atuais condições políticas dificultam uma votação formal. Assim, os conspiradores avaliam a possibilidade de um afastamento informal, pressionando Khamenei a transferir o poder para um grupo provisório de dirigentes, que assumiria o comando do país e negociaria uma trégua com os Estados Unidos para cessar os ataques israelenses.
Entre os nomes cotados para compor essa comissão está o ex-presidente Hassan Rouhani, embora ele não participe diretamente das discussões. Parte dos militares envolvidos tem mantido contato frequente com autoridades de um importante país do Golfo, buscando apoio para reorientar o rumo do Irã e alterar sua liderança.
O clima em Teerã é marcado por múltiplas conspirações e negociações, incluindo conversas com europeus sobre o futuro da nação. Há um consenso crescente entre os dissidentes de que os dias de Khamenei estão contados e que, mesmo que permaneça oficialmente no cargo, seu poder real será drasticamente reduzido.
Os recentes ataques americanos, que atingiram centros nucleares em Natanz, Fordow e Isfahan, aumentaram a possibilidade de sucesso do plano de afastamento de Khamenei, segundo um dos interlocutores. No entanto, os conspiradores também expressam incerteza quanto ao resultado, reconhecendo que a situação pode se agravar ainda mais.
Por outro lado, um participante das conversas ouvido pela The Atlantic se mostrou menos otimista em relação à obtenção de um acordo pacífico com os EUA e Israel. Ele destacou que, mesmo que o Irã opte por uma postura beligerante, a remoção de Khamenei pode se tornar inevitável.
O impacto dos bombardeios ainda é tema de disputa entre Washington e Teerã. Os americanos afirmam ter causado um “sucesso espetacular” ao destruir o programa nuclear iraniano, enquanto o governo iraniano minimiza os danos, alegando que seus materiais nucleares já haviam sido transferidos para locais protegidos.
No cenário interno, há uma divisão entre os líderes do regime. Alguns desejam buscar um acordo com o presidente Donald Trump, mesmo que isso implique abandonar Khamenei. Outros defendem a retaliação, temendo que a rendição possa resultar em maior agressão contra o país.
Especialistas próximos ao aparato de segurança iraniano acreditam que o conflito poderá se expandir, mesmo que inicialmente de forma limitada. A experiência do Irã em guerras assimétricas o posiciona para um confronto prolongado com os Estados Unidos e Israel, embora até o momento tenha evitado envolver diretamente seus aliados regionais contra interesses americanos.
No entanto, as opções do país para reação são restritas. O Hezbollah, no Líbano, está enfraquecido e pouco disposto a entrar no conflito, enquanto no Iraque, o cenário político atual não favorece o engajamento das milícias pró-Teerã.
Em meio a essa crise, há indicações de que o Irã poderá abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear e acelerar seu programa para desenvolver armas nucleares, como demonstrado por ameaças recentes de figuras políticas a autoridades internacionais.
Analistas europeus próximos ao governo iraniano preveem que, diante da escalada e dos ataques simbólicos a bases americanas na região - algo que já começou a ser feito - o conflito poderia se expandir e precipitar a queda de Khamenei. Uma facção rival poderia aproveitar a crise para tomar o poder e buscar um acordo com os Estados Unidos.
Por anos, Khamenei liderou o país com discursos inflamados contra os EUA e Israel, mas evitou confrontos diretos no território iraniano. Agora, com o país sob ataque, o regime enfrenta uma encruzilhada: ampliar a guerra e arriscar perder aliados regionais, ou buscar uma trégua histórica que exigiria renunciar a décadas de hostilidade.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
