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Família da Idade da Pedra foi vítima de canibalismo, diz estudo

Restos de pelo menos 11 pessoas, incluindo adultos e crianças, mostravam sinais de cortes, mordidas humanas e cozimento

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Estudo revela canibalismo em caverna El Mirador, na Espanha, há 5.600 anos.
  • Restos de pelo menos 11 pessoas mostram sinais de cortes, mordidas e cozimento.
  • Pesquisadores descartam rituais e fome extrema, sugerindo conflito entre comunidades agrárias.
  • Recomendações incluem novas análises para entender a dinâmica da violência do Neolítico.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Pesquisadores encontraram sinais de canibalização em ossos humanos
Pesquisadores encontraram sinais de canibalização em ossos humanos IPHES-CERCA

Um estudo publicado na última quinta-feira (7) na revista Scientific Reports conclui que pelo menos 11 pessoas foram mortas para consumo na caverna El Mirador, no norte da Espanha, há cerca de 5.600 anos. Os ossos apresentam marcas de mordida humana, de cortes, fraturas para extração de medula e sinais de fervura, e as análises por radiocarbono dataram os restos entre 5.709 e 5.573 anos.

Os autores observam que os sinais estão concentrados em material osteológico com intervenção perimortem, o que indica que o processamento ocorreu logo após a morte das vítimas e dentro de um curto intervalo de tempo.


A datação por radiocarbono posiciona o evento no final da ocupação neolítica da caverna. Uma análise química aplicada aos restos mortais aponta que os indivíduos eram locais, o que leva os pesquisadores a inferir que as vítimas pertenciam à comunidade ou a uma família da região. As idades estimadas variam de crianças menores de sete anos a adultos com mais de 50 anos.

El Mirador já havia fornecido vestígios de canibalismo em outras expedições. Escavações dos anos 2000 identificaram restos de seis indivíduos datados entre cerca de 4.600 e 4.100 anos. O novo conjunto de ossos é mais antigo e não está diretamente relacionado ao material da Idade do Bronze já documentado no sítio. Os pesquisadores relatam haver centenas de ossos mais antigos recém-identificados nas escavações que suportam a nova análise.


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Os autores descartam interpretações ritualistas e a hipótese de canibalismo por fome extrema. Segundo Francesc Marginedas, pesquisador do IPHES e da Universidade Rovira i Virgili, as características do contexto e a rapidez do evento apontam para um episódio violento, possivelmente ligado a um conflito entre comunidades agrícolas vizinhas.

Antonio Rodríguez-Hidalgo, do Instituto de Arqueologia de Mérida, destaca que evidências etnográficas e arqueológicas mostram que episódios de violência seguida de consumo dos derrotados já ocorreram em sociedades pequenas.


Para os autores, o registro de El Mirador mostra que rivalidades entre comunidades agrícolas podiam culminar em violência letal e em práticas destinadas à eliminação definitiva dos inimigos.

O estudo não identifica com certeza os autores do ataque nem a dinâmica precisa entre agressores e vítimas. Os pesquisadores recomendam novas análises contextualizadas das camadas arqueológicas, estudos isotópicos detalhados e comparações com outros sítios europeus para entender melhor frequência e causas desses episódios no Neolítico.

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