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Crise na Venezuela

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Apagões na Venezuela agravam drama de quem depende de diálise

Pacientes renais viram saúde jogada no limbo por conta de cortes de energia elétrica. Governo decretou racionamento em maioria das cidades

Internacional|Do R7

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Por causa dos recentes apagões de energia elétrica que assolaram a Venezuela, cerca de 11 mil habitantes do país que dependem do tratamento de diálise para sobreviver viram sua saúde jogada no limbo. Um deles é William Lopez, de 45 anos: "A impotência que sinto me faz querer chorar", afirmou, em entrevista à agência de notícias Reuters
Sem a diálise — tratamento que remove toxinas que se acumulam no sangue de pessoas que sofrem de insuficiência renal — Lopez sente tonturas e náuseas. Como qualquer paciente renal crônico, ele pode morrer se passar muito tempo sem o procedimento Leia também: Medo e otimismo: venezuelanos no Brasil comentam levante de Guaidó
No último mês de abril, faltavam poucos segundos para que a máquina de diálise fosse ligada e Lopez começasse sua sessão de tratamento em uma clínica estatal na cidade de Maracaibo quando a energia elétrica foi cortada. O venezuelano foi obrigado a voltar para casa — onde também encontrou tudo apagado Veja ainda: Jovem atropelado por militares na Venezuela diz que quer voltar às ruas
À Reuters, Lopez lembrou que alguns pacientes caem no sono durante as sessões de diálise. “Eu não durmo, porque tenho medo de nunca mais acordar novamente”, disse
Desde os apagões de março e abril, a energia elétrica já foi restaurada integralmente na capital da Venezuela, Caracas. Mas boa parte do país continua tendo eletricidade apenas algumas horas por dia por conta de um plano nacional de racionamento implementado pelo presidente Nicolás Maduro
Poucos lugares foram mais atingidos pelos cortes de energia do que Maracaibo, a segunda maior cidade do país — onde os apagões duram mais de dez horas por dia. As restrições levam à escassez de água, o que compromete o fornecimento dos galões necessários para a realização das sessões de diálise. Os pacientes precisam, geralmente, de três ou quatro horas de tratamento em três sessões por semana
Por muito anos, os hospitais públicos da Venezuela forneceram tratamento de diálise gratuito a quem precisava. A oferta se dava graças aos abundantes ganhos com o petróleo e os generosos investimentos em saúde feitos pelo governo. Mas desde que a economia do país entrou em colapso, novos equipamentos raramente chegam às instituições e há pouco cuidado com a manutenção das máquinas em funcionamento
Maduro diz que os transtornos na saúde pública são causados por sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos — que bloquearam fundos da Venezuela em bancos estrangeiros que poderiam ser usados para importar remédios e equipamentos. Os apagões, por sua vez, seriam resultados de uma “sabotagem” apoiada por Washington nas centrais elétricas da Venezuela
Os adversários do presidente, entretanto, afirmam que os cortes de energia elétrica não passam de incompetência e corrupção do governo. Os ministérios da Informação e da Saúde não responderam aos pedidos de comentário da Reuters
A venezuelana Lesbia Avila acordou se sentindo mal na manhã seguinte ao dia de sua diálise — quando passou por apenas 1h40 de tratamento devido à falta de energia na clínica de Maracaibo. Quando as sessões não são completas, Lesbia diz que costuma se sentir sufocada
Aos 53 anos, Lesbia revela que pede a Deus que “se morrer, que não seja sufocada”. Mesmo enquanto concedia entrevista à Reuters, a venezuelana ficou pálida e começou a suar. Seu marido — demitido de uma fábrica de autopeças dois meses antes — teve de providenciar uma velha gaveta de geladeira para que ela pudesse vomitar
Segundo Lesbia, na clínica privada onde ela faz as sessões de diálise, apenas 18 das 35 máquinas destinadas para este tipo de tratamento funcionam
A situação não é muito diferente nas 136 clínicas administradas pelo Estado, de acordo com Carlos Marquez, presidente da Sociedade Venezuelana de Nefrologia. Muitas das 1.600 máquinas do governo — que não publica dados oficiais — não funcionam, garante Marquez
Na cidade de Maracaibo, algumas das clínicas particulares cobram até 70 dólares (aproximadamente 283 reais) por uma sessão de três horas de diálise, segundo Antonio Briceno — venezuelano de 48 anos que é paciente renal. O valor das sessões é equivalente a quase um ano de salário mínimo no país
Aidalis Guanipa, de 25 anos, também precisa de diálise. Ela mora com a avó, de 83 anos, em Maracaibo. Elas vivem da aposentadoria da matriarca e da venda de doces caseiros. “Não faço uma sessão há dois dias porque não há eletricidade. Estou com medo”, confessa

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Por causa dos recentes apagões de energia elétrica que assolaram a Venezuela, cerca de 11 mil habitantes do país que dependem do tratamento de diálise para sobreviver viram sua saúde jogada no limbo. Um deles é William Lopez, de 45 anos: "A impotência que sinto me faz querer chorar", afirmou, em entrevista à agência de notícias Reuters
Sem a diálise — tratamento que remove toxinas que se acumulam no sangue de pessoas que sofrem de insuficiência renal — Lopez sente tonturas e náuseas. Como qualquer paciente renal crônico, ele pode morrer se passar muito tempo sem o procedimento Leia também: Medo e otimismo: venezuelanos no Brasil comentam levante de Guaidó
No último mês de abril, faltavam poucos segundos para que a máquina de diálise fosse ligada e Lopez começasse sua sessão de tratamento em uma clínica estatal na cidade de Maracaibo quando a energia elétrica foi cortada. O venezuelano foi obrigado a voltar para casa — onde também encontrou tudo apagado Veja ainda: Jovem atropelado por militares na Venezuela diz que quer voltar às ruas
À Reuters, Lopez lembrou que alguns pacientes caem no sono durante as sessões de diálise. “Eu não durmo, porque tenho medo de nunca mais acordar novamente”, disse
Desde os apagões de março e abril, a energia elétrica já foi restaurada integralmente na capital da Venezuela, Caracas. Mas boa parte do país continua tendo eletricidade apenas algumas horas por dia por conta de um plano nacional de racionamento implementado pelo presidente Nicolás Maduro
Poucos lugares foram mais atingidos pelos cortes de energia do que Maracaibo, a segunda maior cidade do país — onde os apagões duram mais de dez horas por dia. As restrições levam à escassez de água, o que compromete o fornecimento dos galões necessários para a realização das sessões de diálise. Os pacientes precisam, geralmente, de três ou quatro horas de tratamento em três sessões por semana
Por muito anos, os hospitais públicos da Venezuela forneceram tratamento de diálise gratuito a quem precisava. A oferta se dava graças aos abundantes ganhos com o petróleo e os generosos investimentos em saúde feitos pelo governo. Mas desde que a economia do país entrou em colapso, novos equipamentos raramente chegam às instituições e há pouco cuidado com a manutenção das máquinas em funcionamento
Maduro diz que os transtornos na saúde pública são causados por sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos — que bloquearam fundos da Venezuela em bancos estrangeiros que poderiam ser usados para importar remédios e equipamentos. Os apagões, por sua vez, seriam resultados de uma “sabotagem” apoiada por Washington nas centrais elétricas da Venezuela
Os adversários do presidente, entretanto, afirmam que os cortes de energia elétrica não passam de incompetência e corrupção do governo. Os ministérios da Informação e da Saúde não responderam aos pedidos de comentário da Reuters
A venezuelana Lesbia Avila acordou se sentindo mal na manhã seguinte ao dia de sua diálise — quando passou por apenas 1h40 de tratamento devido à falta de energia na clínica de Maracaibo. Quando as sessões não são completas, Lesbia diz que costuma se sentir sufocada
Aos 53 anos, Lesbia revela que pede a Deus que “se morrer, que não seja sufocada”. Mesmo enquanto concedia entrevista à Reuters, a venezuelana ficou pálida e começou a suar. Seu marido — demitido de uma fábrica de autopeças dois meses antes — teve de providenciar uma velha gaveta de geladeira para que ela pudesse vomitar
Segundo Lesbia, na clínica privada onde ela faz as sessões de diálise, apenas 18 das 35 máquinas destinadas para este tipo de tratamento funcionam
A situação não é muito diferente nas 136 clínicas administradas pelo Estado, de acordo com Carlos Marquez, presidente da Sociedade Venezuelana de Nefrologia. Muitas das 1.600 máquinas do governo — que não publica dados oficiais — não funcionam, garante Marquez
Na cidade de Maracaibo, algumas das clínicas particulares cobram até 70 dólares (aproximadamente 283 reais) por uma sessão de três horas de diálise, segundo Antonio Briceno — venezuelano de 48 anos que é paciente renal. O valor das sessões é equivalente a quase um ano de salário mínimo no país
Aidalis Guanipa, de 25 anos, também precisa de diálise. Ela mora com a avó, de 83 anos, em Maracaibo. Elas vivem da aposentadoria da matriarca e da venda de doces caseiros. “Não faço uma sessão há dois dias porque não há eletricidade. Estou com medo”, confessa

Por causa dos recentes apagões de energia elétrica que assolaram a Venezuela, cerca de 11 mil habitantes do país que dependem do tratamento de diálise para sobreviver viram sua saúde jogada no limbo. Um deles é William Lopez, de 45 anos: "A impotência que sinto me faz querer chorar", afirmou, em entrevista à agência de notícias Reuters

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