Funcionários desconfiavam do Boeing 737 Max, mostram e-mails
Mensagens internas mostram que técnicos não confiavam no modelo mais recente da empresa, envolvido em dois graves acidentes em 2018 e 2019
Internacional|Da EFE
Mensagens internas da Boeing publicadas como parte da investigação do Congresso e do Senado dos Estados Unidos revelam a desconfiança dos técnicos e funcionários da empresa em relação à segurança do último modelo da Boeing, o 737 Max, envolvido em dois acidentes fatais em 2018 e 2019.
"O 737 Max é projetado por palhaços que, por sua vez, são supervisionados por macacos". Essa é uma das mensagens às quais a Agência Efe teve acesso, escrita em um dos e-mails liberados depois que a fabricante enviou em dezembro uma extensa documentação interna aos legisladores dos EUA que investigam o procedimento que resultou na entrada em serviço do 737 Max.
Liberação sob suspeita
Os três volumes divulgados com mensagens e e-mails de funcionários e técnicos antes dos acidentes e da aprovação do modelo poderiam sugerir que essa liberação para voar foi aprovada com justificativas falsas pela Administração Federal de Aviação (FAA).
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"Deus ainda não me perdoou pelo que recebi no ano passado", diz outra das mensagens, aparentemente referente às interações entre a Boeing e a FAA em relação aos problemas encontrados nos simuladores.
"Você colocaria sua família em um avião treinado em um simulador Max?" pergunta um funcionário a outro, que responde com um "não".
Defesa da Boeing
Em pronunciamento, a Boeing afirmou que o conteúdo de algumas mensagens é completamente inaceitável e não representa os valores da empresa. A fabricante pediu desculpas à FAA, ao Congresso e aos seus clientes, ao mesmo tempo em que salientou que, desde então, tem feito mudanças significativas para garantir a sua segurança e processos organizacionais.
Com relação às preocupações de segurança refletidas em alguns dos envios, a Boeing indicou que tem plena confiança de que os simuladores da Max estão funcionando corretamente após terem sido submetidos a mais de 20 avaliações regulamentares da Administração Federal de Aviação e de outros reguladores internacionais. Além disso, a empresa anunciou que tomará as medidas disciplinares adequadas em resposta às mensagens.