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Golpe militar que levou Pinochet ao poder no Chile completa 40 anos

Editor de agência de notícias testemunhou momento em que novo regime foi anunciado

Internacional|Do R7, com agências internacionais

Garoto empurra a bicicleta em rua deserta enquanto um tanque do Exército se dirige ao palácio do governo do Chile
Garoto empurra a bicicleta em rua deserta enquanto um tanque do Exército se dirige ao palácio do governo do Chile

Nesta quarta-feira (11), exatos 40 anos se passaram desde que um golpe militar derrubou o então presidente do Chile em 1973, Salvador Allende, e instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet.

Os 17 anos que sucederam o golpe foram marcados por um regime de horror e de violações dos direitos humanos, que resultou em mais de 3.200 vítimas, sendo 1.210 delas desaparecidas.

Sergio Carrasco, então editor da agência de notícias AP (Associated Press), testemunhou o momento exato em que o golpe foi anunciado e fez um relato para a AP. Ele chegou bem cedo ao escritório e não imaginou que, por causa do estado de sítio instaurado no dia 11 de setembro de 1973, ele só conseguiria voltar para casa quatro dias depois.

— Era a época do rádio, e as estações ficaram repletas de anúncios. Ainda que o golpe tenha sido liderado pelo general do Exército chileno Augusto Pinochet, o anúncio oficial foi feito por Jose Toribio Merino, que disse, às 8h30, que a marinha havia derrubado o governo. Então, alguém leu uma proclamação liderada pelos chefes das quatro Forças Armadas do país — Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Militar, conhecida como “caribineros”.


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O golpe provocou o suicídio de Allende, primeiro socialista eleito na América Latina, em meio à Guerra Fria. O próprio palácio presidencial — La Moneda — foi bombardeado.


— Pela janela do escritório, duas aeronaves Hawker Hunter deram início a um bombardeio furioso, e tanques e soldados cercaram o palácio enquanto ele pegava fogo.

Allende, cuja rendição havia sido exigida imediatamente, discursava para as rádios mesmo durante as bombas, relata Carrasco. Segundo o jornalista, o presidente ressaltava que não iria se render e que, “durante aquela transição histórica, ele pagaria a lealdade do povo com a própria vida”.

Ao fim do dia, depois de uma intensa troca de tiros entre soldados e a resistência, foi anunciado o fim dos 1.000 dias do governo socialista de Allende. O comandante da aeronáutica Gustavo Leigh justificou a ofensiva violenta como “necessária para erradicar o câncer marxista pela raiz”, conta Carrasco.

Reportagem da AP mostra que, inicialmente, o golpe foi apoiado por muitos chilenos que estavam insatisfeitos com a inflação da época, que superava 500%. Porém, a ofensiva destruiu o que eles orgulhosamente chamavam de “a mais forte democracia da América do Sul”.

Chilenos recordam os desaparecidos do regime Pinochet

Na última terça-feira (10), a AI (Anistia Internacional) pediu para o governo do Chile anular a lei de anistia que concede impunidade aos membros do regime.

A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, encaminhou ao Executivo chileno um pedido assinado por mais de 25 mil pessoas para exigir a abolição dessa lei, assinada em 1978, que exime de responsabilidade as pessoas que cometeram abusos entre 1973 e 1978.

Além disso, a AI pede a adoção de medidas para garantir justiça, verdade e reparação às vítimas, muitas das quais ainda estão desaparecidas. Segundo a organização, a ditadura de Pinochet resultou em pelo menos 3.000 desaparecimentos ou assassinatos no período, enquanto os sobreviventes de torturas e encarceramento por motivos políticos somam mais de 40 mil.

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