Humanoides desajeitados brilham em torneio de futebol robótico na China
Competição inusitada em Pequim revela avanços tecnológicos em inteligência artificial aplicada a robôs autônomos
Internacional|Do R7

Humanoides tropeçando, batendo uns nos outros e até sendo retirados de maca do campo. Esse foi o cenário curioso da primeira edição da RoBoLeague, torneio de futebol com robôs autônomos realizado no último sábado (28), em Pequim, na China.
Apesar das quedas e colisões, o evento representou um marco significativo no avanço da chamada “inteligência artificial incorporada”, tecnologia que permite que máquinas interajam fisicamente com o ambiente de forma independente.
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As partidas, disputadas no formato 3 contra 3, lembravam mais uma estreia desastrada no futebol infantil do que uma competição tecnológica de ponta.
Ainda assim, o que parecia apenas uma exibição cômica revelou, nos bastidores, um sistema sofisticado. Cada equipe operava com robôs T1 da Booster Robotics, programados com IA e sem qualquer interferência humana durante o jogo.
Equipados com sensores visuais avançados, os robôs conseguiam identificar a bola e se movimentar com relativa precisão no campo. Parte do desafio estava em manter o equilíbrio, já que muitos tombavam constantemente. Alguns conseguiam se levantar sozinhos, enquanto outros precisavam de ajuda humana para sair da partida.
Mais do que entretenimento, o evento ilustra a estratégia robusta da China para liderar o setor de robótica do futuro. Segundo a consultoria Morgan Stanley, o país investe atualmente US$ 47 bilhões no setor e deve atingir um mercado de US$ 108 bilhões até 2028.
Até 2050, estima-se que mais de 300 milhões de robôs humanoides estejam em uso no país, muito à frente dos cerca de 78 milhões previstos para os Estados Unidos.
Especialistas apontam que a China está ampliando o apoio estatal à chamada IA incorporada, o que pode consolidar sua vantagem tecnológica.
O futebol robótico é apenas uma parte da iniciativa. Em abril, Pequim sediou uma meia-maratona com robôs competindo ao lado de corredores humanos — apenas seis concluíram a prova. Já entre os dias 15 e 17 de agosto, a capital chinesa receberá os Jogos Mundiais de Robôs Humanoides, com provas de atletismo, ginástica e futebol.
O CEO da Booster Robotics, Cheng Hao, ressaltou que as competições esportivas funcionam como laboratório para o aperfeiçoamento das máquinas. Ele destacou a importância de garantir a segurança dos robôs em interações com humanos, prevendo, inclusive, partidas mistas no futuro. Para ele, o contato seguro e realista em campo pode ajudar o público a confiar mais nessas novas tecnologias.
Na final do torneio de sábado, o time da Universidade Tsinghua venceu a equipe da Universidade Agrícola da China por 5 a 3. Apesar do jogo atrapalhado, os gols garantiram a empolgação do público.
Em tempos de frustrações com a seleção masculina da China, os robôs, pelo menos, estão conseguindo marcar e divertir.
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