Isolados pela guerra, russos são obrigados a usar celulares ‘tijolões’
Empresas do país tentaram produzir smartphones, mas modelos não conquistaram o mercado local e encalharam nas lojas
Internacional|Do R7
Um relatório produzido por uma tradicional publicação russa afirmou que a população do país voltou a usar os celulares da década de 1990, conhecidos no Brasil como “tijolões” por causa do tamanho e peso.
Desde o início da guerra com a Ucrânia, empresas como Apple e Google deixaram de comercializar aparelhos de maneira oficial no país devido às sanções impostas pelo Ocidente.
Além disso, as duas companhias americanas, que lideram o mercado de sistemas operacionais para aparelhos móveis, também interromperam o envio de atualizações aos celulares na Rússia. Ou seja, com o passar do tempo, os smartphones se tornarão apenas uma peça de plástico sem utilidade comunicacional no país.
Segundo o veículo russo Moskovskij Kosomolets, a alternativa para os russos são os celulares mais antigos, que possuem um sistema operacional rústico e com poucas funções além das tradicionais ligações, mensagens de texto por SMS e jogos, como o da cobrinha.
Essas informações foram confirmadas pelo deputado russo Artem Kiryanov, que também comanda o Comitê de Política Econômica da Duma — a Câmara baixa da Assembleia Federal da Rússia. Ainda segundo o parlamentar, as tentativas de venda de aparelhos nacionais fracassaram nos últimos tempos.
“Nossas tentativas de fazer um sistema operacional, para dizer o mínimo, não são encorajadoras. Nós tivemos o Tigafon, cuja produção se tornou não lucrativa. Os smartphones Rostec também não ganharam o coração dos russos”, lamentou Kiryanov.
Estima-se que 14 mil celulares da Rostec tenham sido produzidos na Rússia, mas apenas 400 foram vendidos. O deputado acredita que é necessário envolver o setor do comércio para entender o motivo pelo qual o produto não chegou à mão da população russa.
“Nos próximos anos, será necessário desenvolver o nosso próprio smartphone, o qual não teremos vergonha de ter em mãos.”
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O chefe do conselho do Fundo de Desenvolvimento de Economia Digital, Herman Klimenki, é mais alarmista e compara a atual situação da Rússia com a vivida pelo país após a queda da União Soviética.
“Formalmente, já podemos dizer que os russos andam com 'tijolões' nos bolsos. A situação é quase a mesma dos anos 1990, quando os bens eram trazidos para a Rússia de ônibus”, ressaltou Klimenki, segundo o portal britânico Daily Star.