Johnson diz no Parlamento que governo avança para acordo com UE
Premiê respondeu perguntas dos deputados, um dia depois de ter sofrido duro golpe na Câmara dos Comuns, com a perda da maioria
Internacional|Da EFE
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, garantiu nesta quarta-feira que o governo britânico está conseguindo importante progresso com a UE (União Europeia) na busca por um acordo para o Brexit.
Durante mais uma tensa sessão no Parlamento, o premiê garantiu que o tratado será alcançado e que a saída do bloco acontecerá na data prevista, em 31 de outubro deste ano.
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Johnson respondeu perguntas dos deputados, um dia depois de ter sofrido duro golpe na Câmara dos Comuns, com a perda da maioria e receber uma moção contrária, com a ajuda de 21 conservadores.
Com isso, a oposição deve colocar em pauta nesta quarta-feira, em caráter de urgência, um projeto de lei que impede a saída da União Europeia sem que seja firmado um acordo, forçando assim o primeiro-ministro a pedir uma extensão do Brexit de três meses.
Hoje, Johnson garantiu que o governo que comanda está obtendo "progressos substanciais" com o bloco para que a saída seja confirmada no Conselho Europeu, que acontecerá em 17 de outubro.
Por isso, garante que o projeto de lei do líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, acabaria com qualquer possibilidade de negociação com a União Europeia.
O principal expoente da oposição, por sua vez, cobrou Johnson a mostrar evidências concretas de que está sendo negociado um acordo com a UE e de que não está sendo colocada em prática uma estratégia de deixar o tempo passar.
Corbyn pressionou o primeiro-ministro a resolver a controvérsia do 'backstop', mecanismo que pretende evitar uma fronteira física entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, com normas de mercado único. O chefe de governo se opõe a essa que é chamada de salvaguarda irlandesa.
A União Europeia apoia essa medida e considera um ponto indispensável em um eventual acordo com os britânicos.
Verba extra para Brexit sem acordo
O ministro da Economia do Reino Unido, Sajid Javid, anunciou nesta quarta-feira uma verba extra de 2 bilhões de libras (cerca de 2,2 bilhões de euros) para enfrentar um possível Brexit sem acordo no próximo dia 31 de outubro.
Javid apresentou na Câmara dos Comuns a chamada "Revisão das Despesas", onde detalha as prioridades orçamentárias do Executivo conservador para o exercício 2020-2021 e que incluem um aumento do investimento em serviços públicos como saúde e educação para "deixar para trás a austeridade".
O ministro, que assumiu o cargo em julho, foi repreendido várias vezes pelo presidente dos Comuns, John Bercow, por se afastar de sua questão econômica e fazer comentários políticos sobre o Brexit.
Após um longo preâmbulo criticado pela oposição, Javid disse que os gastos do Governo aumentarão em 2020-2021 para um total de 30,4 bilhões de libras (cerca de 33,6 bilhões de euros), com um aumento de 6,3% do orçamento do Ministério do Interior para financiar o recrutamento de 20 mil novos policiais.
Além disso, o ministro anunciou um adicional de 6,2 bilhões de libras (cerca de 6,8 bilhões de euros) para o Serviço Nacional de Saúde (NHS, sigla em inglês) e dotações para combater a exploração infantil pela internet e a crise climática.
Durante sua apresentação, ele garantiu que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), que seu governo pretende concretizar com ou sem acordo na data prevista, em 31 de outubro, apresenta "oportunidades" para a economia e reiterou que o país está "preparado" para uma possível saída brusca.
A revisão de Javid, que abrange apenas um ano fiscal e não um período mais longo, é interpretada como uma reivindicação eleitoral diante da possibilidade que o primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, convoque eleições antecipadas por conta da oposição do Parlamento aos seus planos do Brexit.