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Macron perde força dentro e fora da França após 1º turno das eleições legislativas antecipadas

Partido de direita comandado por Marine Le Pen deve garantir um terço dos assentos na Assembleia Nacional

Internacional|Do Estadão Conteúdo

Macron dissolveu o parlamento no começo de junho Reprodução/YouTube/Emmanuel Macron

O presidente Emmanuel Macron já foi visto como um líder jovem e ousado que se propôs a reviver a França por meio de políticas radicais pró-negócios e pró-europeias, deixando os eleitores “sem mais motivos” para votar nos extremos. Sete anos após ter sido eleito pela primeira vez, sua convocação para uma eleição antecipada o enfraquece no país e no exterior, enquanto a direita ganha impulso para chegar ao poder.

Macron, que tem um mandato presidencial até 2027, disse que não deixará o cargo antes. No entanto, a perspectiva de uma derrota nas eleições parlamentares significa que ele poderá ter de dividir o poder com um primeiro-ministro de um partido rival. Macron derrotou a líder do partido Reunião Nacional, Marine Le Pen, duas vezes em eleições presidenciais, em 2017 e 2022.

Momentos após sua primeira vitória, ele então com 39 anos, Macron declarou sobre os eleitores de Le Pen: “Farei de tudo para que eles não tenham mais nenhum motivo para votar nos extremos”.

A iniciativa política centrista de Macron, que ele promoveu na época como “nem de direita, nem de esquerda”, esmagou os rivais tradicionais, o Partido Socialista e os conservadores republicanos. Em 2022, quando derrotou Le Pen novamente, mas com uma margem menor, Macron reconheceu que os franceses votaram “não para apoiar minhas ideias, mas para bloquear as da extrema-direita”.


Agora, a existência de sua aliança centrista está sob ameaça. O ex-primeiro-ministro Edouard Philippe disse que Macron “matou a maioria presidencial”. Na sexta-feira (28), após uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, Macron justificou sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional. “Era indispensável pedir um esclarecimento [aos eleitores]”, disse.

Macron argumentou, neste mês, que suas conquistas econômicas falam por si. O desemprego caiu de mais de 10%, para 7,5%, e a França foi classificada como o país europeu mais atraente para investimentos estrangeiros nos últimos anos. No entanto, seu tempo no cargo foi marcado por grandes turbulências, desde os protestos dos chamados Coletes Amarelos contra a percepção de injustiça social até a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e os distúrbios de 2023 desencadeados pela morte de um adolescente pela polícia.


Seja qual for o resultado, a decisão de Macron de convocar eleições antecipadas já deixa a França enfraquecida no cenário europeu, segundo Lisa Thomas-Darbois, vice-diretora de estudos sobre a França no Institut Montaigne. ”Isso provocou receio por parte de nossos parceiros europeus e internacionais”, disse ela.

“Podemos ver que, apenas em termos de nossas taxas de juros nos mercados financeiros, nossa credibilidade caiu” afirmou Lisa. “O que é certo é que a posição da Reunião Nacional não será tranquilizadora para a imagem da França nos próximos anos.”


Primeiro turno

O partido de Marine Le Pen, obteve neste domingo (30), uma ampla vitória no primeiro turno de votação para a Assembleia Nacional da França, de acordo com projeções baseadas na apuração inicial dos resultados. O cenário abre caminho para a legenda de direita participar do governo pela primeira vez desde a ocupação nazista durante a Segunda Guerra. O segundo turno será no próximo domingo (7).

Projeções de institutos e emissoras públicas da França mostraram o RN garantindo confortavelmente o primeiro lugar com 33,2% dos votos. Uma aliança de partidos de esquerda, a Nova Frente Popular, ficou em segundo, com projeção de 28,1%. A aliança centrista de Macron, em terceiro, com 21%.

O sistema francês é complexo e não é proporcional ao apoio nacional a um partido. Se ao final da eleição o Reunião Nacional obtiver o número necessário de cadeiras para a maioria absoluta, espera-se que Macron nomeie seu candidato, Jordan Bardella, de 28 anos, como primeiro-ministro em um sistema de compartilhamento de poder conhecido como coabitação. O partido também poderá fazer escolhas para o gabinete.

Os primeiros resultados não fornecem uma exatidão do número de assentos parlamentares que cada partido garantirá. Mas mostrou que o RN deverá se tornar a maior força política na Câmara baixa ainda que não conquiste a maioria absoluta.

A participação dos eleitores, de 65%, foi muito alta, refletindo a importância dada ao pleito antecipado por Macron, em comparação aos 47,51% da última eleição parlamentar, em 2022.

Para Macron, agora em seu sétimo ano como presidente, o resultado foi um forte revés. Ao dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas, ele apostou que a derrota contundente de seu partido para o RN na recente eleição do Parlamento Europeu não se repetiria.


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