Milhares de sunitas protestam contra governo no Iraque
Internacional|Do R7
Bagdá, 26 abr (EFE).- Milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira de manifestações contra o governo nas províncias de maioria sunita do norte e oeste do Iraque, três dias depois do sangrento ataque das forças de ordem contra uma praça em Al Hueya, cenário habitual de protestos. As maiores concentrações ocorreram durante a reza muçulmana de meio-dia e os imãs aproveitaram para denunciar as práticas do primeiro-ministro xiita Nouri al-Maliki e o ataque na praça, que deixou 26 mortos e 155 feridos. Em seu sermão, o imã da cidade de Ramadi, Qusay al Zein, disse que Maliki levou o país "a um mar de sangue e de sectarismo" e acusou o político de obrigar o Exército a proteger sua figura ao invés do povo. "Os chefes dos clãs da província de Al-Anbar (da qual Ramadi é capital) formaram o exército do orgulho e da dignidade para defender a honra e a liberdade dos sunitas dos ataques de Maliki", acrescentou em alusão aos grupos armados de milicianos sunitas. O clérigo acusou o executivo de acabar com a coexistência dos ramos dos islamismo e de "assassinar o caráter pacífico das manifestações", por isso pediu que seja substituído. Após o ataque contra Al Hueiya, a violência se espalhou pelas províncias de maioria sunita com enfrentamentos entre milicianos e forças de segurança que deixaram dezenas de mortos. Outra grande manifestação ocorreu na praça Al Haq, na cidade de Samarra, a 120 quilômetros ao norte de Bagdá, onde os participantes levaram cartazes condenando o episódio de Al Hueiya. "Dirigimos nosso primeiro mensagem a Maliki e dizemos: depois que impediu nossa pacífica manifestação, na qual anunciamos nossas reivindicações, nada do que prometeu se cumpriu, afirmou o imã Mohammed Taha Saadun perante a multidão. O religioso disse que a operação em Al Hueiya foi "uma ação suja, diante da qual não se pode permanecer impassível e pela qual se deve responder com toda força para que não se repita em outros lugares do Iraque". Em função do aumento da tensão e da expectativa de protestos, as forças de segurança adotaram hoje rígidas medidas de segurança nas zonas do oeste de Bagdá, segundo informou à Agência Efe uma fonte do Ministério do Interior. Apesar das medidas, pelo menos quatro pessoas morreram hoje e outras 46 ficaram feridas pela explosão de artefatos explosivos em três mesquitas sunitas de Bagdá. Os sunitas se queixam da discriminação que dizem sofrer por parte do governo do xiita Nouri al-Maliki e pedem a libertação dos presos sem acusações, a suspensão de sentenças de pena de morte e a anulação da lei antiterrorista. Ontem, Maliki advertiu que todos perderão se o pavio da discórdia for disseminado pelo Iraque e que as autoridades não tolerarão nenhuma agressão contra o Exército e a polícia. EFE ah/dk